Nesta quinta-feira (03/10), foi celebrado o Dia Mundial das Abelhas. As chamas que devastam a Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA), no interior de Minas Gerais, nos últimos dias não são prejudiciais somente aos seres humanos, mas também aos animais, sobretudo esses insetos. Eles são de grande importância para o equilíbrio ambiental. É o que explica o apicultor e sócio fundador de uma produtora de mel de Timóteo, Gustavo Martins Delfim, em entrevista ao Diário do Aço. Ele aponta que as abelhas são responsáveis pela polinização das plantas, visto que sem polinização a maioria das espécies vegetais não se reproduziriam, o que resulta em um comprometimento de regeneração da vegetação local.
“Isso prejudica todo o ecossistema, tanto a fauna quanto a flora, pois ambos andam diretamente ligados. Algumas espécies de abelhas podem ter suas espécies reduzidas em grande número. Os incêndios causam um desequilíbrio pois afetam a sobrevivência das abelhas e reduzem a capacidade polinizadora que, consequentemente, compromete a regeneração da vegetação local e de todo o ecossistema prejudicado. O principal prejuízo é proveniente das queimadas, pois nelas a vegetação é destruída, consequentemente tanto as abelhas silvestres como as abelhas africanizadas ficam sem seu ‘pasto apícola’ (denominação da vegetação onde as abelhas buscam pólen e néctar)”, pontua o sócio da MelBras.
O apicultor detalha que as chamas destroem as colmeias. “As abelhas não saem das suas colmeias ou colônias quando as chamas chegam, e por isso morrem carbonizadas. Os incêndios destroem qualquer tipo de vegetação, levando meses ou até anos para algumas espécies de plantas com aptidão apícola regenerarem”, afirma.
Morte por fome
Gustavo também destaca que as abelhas podem morrer de fome em meio às áreas com a cobertura vegetal queimada. “Se não tiverem onde conseguir pólen e néctar, o enxame pode acabar. As abelhas são insetos altamente dependentes de visão e olfato para se alimentarem e se orientarem no ambiente. A visão é utilizada para identificar as plantas por meio dos padrões florais e cores, já o olfato é para encontrar o cheiro das flores. As queimadas geram fumaça e cinzas que podem escurecer a visão”, explicou.
O apicultor ainda detalha que “muitos acreditam que elas poderiam fugir em situação de perigo. No entanto, a abelha rainha voa apenas uma vez em toda a sua vida, durante o voo nupcial. Após o acasalamento, a sua função na colmeia é de garantir a continuidade da colônia. Em caso de incêndio ou qualquer outro tipo de perigo, as operárias permanecem na colmeia para proteger a rainha”, acrescenta ao jornal.
Danos aos seres humanos
O especialista enfatiza que o desmatamento também pode provocar migração das abelhas para áreas urbanas. “As abelhas vão em busca de abrigos e alimentos. E como nas cidades tem áreas arborizadas, elas vão atrás de néctar e pólen nessas áreas”, disse
Gustavo ressalta que o desaparecimento desses insetos causaria um colapso ecológico e alimentar, prejudicando tanto a natureza quanto a sociedade humana. “A maior parte das plantas utilizadas na produção de alimentos depende da polinização das abelhas. Teríamos um impacto econômico, pois a agricultura e indústrias relacionadas à produção de alimentos sofreriam perdas enormes, já que muitas culturas dependem diretamente da polinização por abelhas. O custo para encontrar alternativas artificiais para a polinização seria extremamente elevado”, pontua.
Soluções
Gustavo complementa quais poderiam ser as possíveis soluções para a redução dos prejuízos das queimadas que refletem nas abelhas. “Acredito que a conscientização da população, aumento da fiscalização, preservação da vegetação nativa e criação de faixas de contenção ao redor de áreas propensas a incêndios podem ajudar nessa situação”, finaliza.
Fonte: Diário do Aço