As queimadas que devastaram a Amazônia de 2001 em diante afetaram  95,5% das espécies de plantas e animais vertebrados conhecidas em todo o bioma. A conclusão é de pesquisadores, incluindo brasileiros, que realizaram um estudo internacional sobre o fogo na floresta amazônica.

Os dados foram publicados na quarta-feira (1º) na revista científica Nature. Causado pela ação humana, o fogo já atingiu, segundo o estudo: o habitat de 85,2% das espécies de plantas e animais ameaçados de extinção; 64% do habitat de espécies não ameaçadas de extinção; 53 das 55 espécies de mamíferos ameaçadas de extinção; 5 das 9 espécies de répteis ameaçadas de extinção; 95 das 107 espécies de anfíbios ameaçadas de extinção; e 236 das 264 espécies de plantas ameaçadas de extinção.

Algumas espécies de sagui e de macacos-aranha, além de aves como o murici, são citadas pelos pesquisadores como exemplo de animais ameaçados de extinção diretamente atingidos pelas queimadas na floresta.

Quase 190 mil km² da Amazônia foram destruídos entre 2001 e 2019, o equivalente a cerca de 20 mil campos de futebol. Os dados do estudo revelam ainda que a cada novos 10 mil km² destruídos, até 40 espécies podem ser atingidas.

Um dos autores do estudo, o pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e da Universidade da Califórnia em Irvine, Paulo Brando, lembra que os dados podem estar subestimados. “Ainda conhecemos uma parte pequena da biodiversidade da Amazônia. Todo ano temos publicações de artigos identificando espécies novas no bioma”, afirmou ao G1.

De acordo com um levantamento do MapBiomas, uma área maior que o território da Inglaterra é alvo de incêndios florestais todos os anos no Brasil, o que acontece desde 1985. São quase 151 mil km² destruídos pelas chamas anualmente.

Ainda segundo a entidade, entre 1985 e 2020, mais de 151 mil km² foram devastados por queimadas no Brasil. A destruição é alarmante, já que equivale a quase 20% do território brasileiro.