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INCONSCIÊNCIA

Queda no poder aquisitivo leva britânicos a abandonarem seus animais

Apenas em 2025 foram registrados mais de 5,7 mil abandonos de animais no Reino Unido. Tutores alegam não ter condições financeiras

23 de abril de 2025
RFI
3 min. de leitura
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Foto: Breno Esaki/Metrópoles

Gatinhos em caixas e periquitos deixados do lado de fora no meio da noite: em 25 anos como recepcionista do abrigo Mayhew, no oeste de Londres, Sue Barrett nunca viu tantos animais abandonados. De acordo com a Sociedade para a Prevenção da Crueldade contra os Animais (RSPCA), nos primeiros meses de 2025 foram registrados mais de 5,7 mil abandonos, 32% a mais em relação ao mesmo período do ano passado. Em 2024, foram cerca de 22.500 abandonos, o que equivale a um aumento de 7% em relação a 2023.

Seus tutores “estão tristes, envergonhados e frustrados por ter que tomar essas decisões”, diz Elvira Meucci-Lyons, diretora do abrigo. “Eles vêm até nós porque sentem que não têm escolha a não ser abandonar seus animais, principalmente por causa do custo de vida”, acrescentou.

Os britânicos são conhecidos por seu amor por cães e gatos. Mais da metade da população adulta, de cerca de 26 milhões de pessoas, possui um animal doméstico, de acordo com a RSPCA. Desde o início do ano, o abrigo Mayhew recebeu mais de 130 animais.

No Reino Unido, dezenas de milhares de animais foram abandonados desde o Brexit e o fim da pandemia da Covid-19, que contribuíram para o aumento do custo de vida.

“Por trás de cada animal que acolhemos, há uma história humana”, conta a diretora. Brownie, um poodle miniatura de um ano de idade, e Astro, um pequeno valentão americano (valentão de bolso ou pit-bull), foram confiados ao centro porque seus tutores perderam suas casas devido a problemas financeiros.

Histórias como essa são “as mais tocantes”, afirma Meucci-Lyons, porque é durante esses tempos difíceis que os tutores “precisam de seu adorável animal doméstico mais do que nunca”.

Problemas de saúde

Alguns proprietários explicam que precisam escolher entre comer ou alimentar seu animal doméstico. Cada vez mais animais também estão chegando a Mayhew com problemas de saúde, porque seus tutores não podem pagar o veterinário.

Felix é o exemplo perfeito. O gato de nove anos foi levado ao abrigo por seus tutores, que admitiram que não podiam pagar os cuidados odontológicos de que ele precisava.

Além do aumento do custo de vida, o fim da pandemia de Covid-19 também afetou o número de abandonos. A pandemia viu um aumento nas adoções de animais durante o distanciamento social.

Porém, depois da suspensão do confinamento, muitos animais foram abandonados e alguns continuam chegando aos centros de acolhimento.

Ração de graça

A inflação atingiu 11,1% em outubro de 2022, o nível mais alto em mais de 40 anos, levando ao aumento do preço da ração.

Para ajudar os proprietários em dificuldades, o Mayhew Center fornece ração para animais doméstico e oferece tratamentos preventivos gratuitos em sua clínica veterinária.

“Estamos sobrecarregados, não podemos atender à demanda”, diz Elvira Meucci-Lyons. “Todo dia é de partir o coração. Vamos para a cama à noite pensando nos cães e gatos que não podemos ajudar.” Mas a equipe continua motivada porque “vemos todos os dias a diferença que fazemos”, diz.

Fonte: Metrópoles

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