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A queda de um mito: o gato não é o vilão da toxoplasmose, dizem especialistas

23 de junho de 2015
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Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

A psicóloga Juliana Mattoso Del Vigna, de 40 anos, adoptou a gata Dadá quando o filho João tinha apenas um ano. Quando engravidou do segundo filho, muitas pessoas questionaram-na sobre o perigo do animal. Mas ela diz que não teve medo. «Eu não ia correr com a minha gata por causa da gravidez, é uma questão de esclarecimento.»
A médica disse que, «antes de engravidar, teria que fazer uns exames para ver se poderia ficar com o meu gato», lembra a jornalista Raquel Drehmer, de 38 anos. Também ela relutou em «desfazer-se» do Fofão e preferiu procurar outra ginecologista. No fim, não precisou abrir mão do bichano, que logo mais fará companhia ao seu bebé, previsto para nascer no início de Julho.
A toxoplasmose é motivo de preocupação para quem engravida; principalmente durante o primeiro trimestre da gestação. Pode causar, por exemplo, retardamento mental e cegueira. E, segundo o veterinário-chefe do Vet Quality, Cauê Toscano, o gato é o único hospedeiro que consegue eliminar a forma infectante da doença, pelas fezes. «Mas é uma fama que acabou por ser criada, infelizmente, que não corresponde à realidade.»
O gato não é o grande vilão da doença, explica o infectologista Celso Granato, professor da Universidade Federal de São Paulo e assessor médico do laboratório Fleury, porque não é o principal culpado pela disseminação.
«O ciclo do protozoário toxoplasma gondii tem que passar pelo gato, mas o animal carrega uma culpa maior do que merece. O que acontece na prática é que há mais probabilidades de contrair a doença bebendo água contaminada, comendo carne vermelha crua, salada e usando utensílios contaminados», ressalta.
Além disso, diz Toscano, o cisto da toxoplasmose só é libertado durante até três semanas da infecção do gato. «Por conseguinte, teria que coincidir o gato contaminado com a doença no momento da gestação da mulher e, durante estas três semanas, ela ter algum problema de higiene que fizesse com que tivesse contacto com o protozoário. Passadas as três semanas, mesmo que o animal esteja infectado, ele não irá libertar o cisto.»
O veterinário também explica que o cisto, depois de eliminado, precisa de pelo menos 24 horas para se tornar infecioso. Por isso, uma pessoa que limpe a caixa de areia do gato todos os dias não permite que o prazo de evolução se complete.
O infectologista destaca ainda que o número de casos de toxoplasmose caiu expressivamente nos últimos 30 anos, diminuindo o risco de contágio.
«Os gatos em casa não apresentam perigo, basta tomar cuidado com a higiene e a alimentação», defende Granato.
*Esta notícia foi escrita, originalmente, em português europeu e foi mantida em seus padrões linguísticos e ortográficos, em respeito a nossos leitores.
Fonte: Diário Digital
 

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