Cientistas alertam que a falta surpreendente de gelo marinho na Antártida pode marcar grandes mudanças nos ecossistemas marinhos do continente frio.
Uma equipe internacional de pesquisa a bordo do navio Niwa Tangaroa passou seis semanas realizando experimentos no Mar de Ross para ajudar na compreensão dos processos climáticos, atmosféricos e oceanográficos da região e como tudo isso impacta o ecossistema marinho.
Os especialistas ficaram chocados com a escassez de gelo marinho e com cobertura dos oceanos da Antártida no verão, a segunda menor desde o início dos registros de satélite na década de 70.
O menor nível foi registrado em 2017 e, mesmo que o padrão não indique uma tendência, os cientistas dizem que as previsões de menos gelo em longo prazo podem causar grandes mudanças no ecossistema marinho.
O chefe de viagens e ecologista marinho Niwa David Bowden declarou: “Nós planejamos esta viagem sabendo que era tarde na temporada e que talvez não conseguíssemos chegar aonde queríamos ir devido ao gelo, mas tem sido quase completamente sem gelo. Muito da ecologia do Mar de Ross e de todo o sistema marinho antártico está relacionada ao gelo. Os animais e a vida vegetal no mar, em maior ou menor extensão, dependem do gelo marinho. Se ficarmos sem gelo marinho, será um sistema ecológico muito diferente do que temos atualmente”.
Uma espécie que é altamente dependente do gelo marinho para sobreviver é o krill, um crustáceo que é fundamental na cadeia alimentar para várias espécies, desde pinguins Adelie e aves marinhas a baleias. Existem também animais que dependem do gelo marinho para descansar, como as focas, informa o Stuff.
Durante a expedição, a equipe de cientistas examinou desde a produção microbiana no plâncton até as distribuições da fauna marinha, krill e baleias e coletou informações para ajudar a determinar se os propósitos da recém-estabelecida região de proteção marinha de Ross tem sido atingidos.
Eles também realizaram um experimento para analisar o movimento de águas extremamente frias do Mar de Ross em direção aos trópicos que são como um sistema regulador da circulação global dos oceanos.