Se essas sementes crescem, elas encerram um ciclo e a vegetação permanece intacta.
Porém, como grandes animais – vítimas da caça e ameaçados pela perda de habitat – desaparecem do ecossistema, a biodiversidade vegetal da floresta diminui. Porém, ainda não está claro por que isso acontece.
Para abordar esta questão, uma equipe de cientistas da Espanha e da Alemanha desenvolveu um modelo matemático para testar os efeitos de diferentes variáveis na biodiversidade florestal, assim como a quantidade de sementes que realmente se transformam em mudas.
Eles divulgaram os resultados na revista Proceedings of the Royal Society B, mostrando que a relação entre os tamanhos das aves e das sementes pode ajudar a explicar por que os animais grandes podem desempenhar um papel extraordinário na manutenção de um ecossistema saudável.
A equipe, liderada pela doutora e ecologista Isabel Donoso, da Universidade de Oviedo, na Espanha, observou grandes pássaros frugívoros.
“Foi sugerido que grandes frugívoros são importantes, mas por quê?”, disse Donoso em uma entrevista.
Os dados de campo foram coletados pelos coautores de Donoso na Reserva da Biosfera Manu do Peru. Mas, ao contrário da floresta real, o modelo tornou mais fácil para os cientistas analisarem diferentes variáveis.
“É realmente difícil obter esses dados do campo. É fácil ver a primeira interação [entre os pássaros e as sementes], mas não os efeitos demográficos”, explicou Donoso.
Em um ecossistema florestal, as sementes menores possuem mais chances de serem consumidas e distribuídas para outras partes da floresta, porque, em geral, aves pequenas e grandes farão isso. No entanto, quando uma planta investe na produção de sementes maiores, o espectro de espécies de aves que irão procurará será menor.
Os animais maiores geralmente são melhores disseminadores de sementes, transportando-as por distâncias maiores e germinando-as em plantas, de acordo com o Pacific Standard.
“Os grandes pássaros ou grandes mamíferos são geralmente os mais impactados pelos seres humanos por causa do desmatamento”, afirmou Donoso.
Conforme grandes aves desaparecem do ecossistema, menos mudas de uma série de espécies de plantas sobrevivem. Além disso, esse efeito é mais pronunciado e ocorre mais rapidamente se pássaros maiores estiverem entre os animais que são expulsos do ecossistema.
“Esta compreensão mais profunda da importância crítica dos grandes animais deve auxiliar no direcionamento dos movimentos futuros para proteger as florestas tropicais. Se queremos evitar – e parar – a decadência das funções do ecossistema, especialmente nos trópicos, precisamos urgentemente de medidas de proteção que visem grandes espécies de animais. Caso contrário, a exuberante diversidade das florestas tropicais, como a conhecemos, pode ser uma sombra do passado”, ressaltou Donoso.