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LEALDADE

Quatro cães esperam por falecido tutor e vão visitá-lo no cemitério em Portugal

O idoso morreu atropelado em janeiro e, desde então, os animais andam soltos por Ermesinde. Precisam de ser adotados juntos.

1 de março de 2025
Izabelli Pincelli
3 min. de leitura
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Foto: Reprodução

Perder um animal é uma dor tão profunda que dificilmente conseguimos descrever. Mas apesar de falarmos muito sobre este tipo de luto, esquecemo-nos que o contrário também acontece com frequência e muitos animais perdem os seus tutores sem a possibilidade de se despedirem. Na Vila Nova de Foz Côa, distrito da Guarda, quatro cães estão a enfrentar o seu pior pesadelo.

Os quatro mix de Podengos (três machos e uma fêmea) perderam o tutor em janeiro, após este ser atropelado na freguesia de Ermesinde, no Porto (PT), segundo conta à Pets in Town Ana Maria Borges, uma residente que tem alimentado os animais. Desde então, estão sozinhos em Vila Nova de Foz Côa, onde o tutor vivia, e passam grande parte do dia a passear pelo bairro, indo até a porta de Ana para comer, descansar em frente a antiga casa e vão mesmo até ao cemitério visitá-lo.

“A rotina deles é dividida entre o cemitério e a minha porta, onde se sentem seguros e recebem além de comida, muito carinho”, compartilha à PiT. “Há outras pessoas que lhes dão de comer, mas é só à minha porta que eles se sentem bem e passam a maior parte do tempo.”

O funeral do tutor terá acontecido a 15 de janeiro, altura em que os cães terão percebido que estavam sozinhos. “O carro funerário com a urna do senhor passou em frente à casa dele, onde os cães estavam deitados, e a reação deles, segundo testemunhas, foi de começarem a uivar e correr atrás do carro até à capela. Lá ficaram durante a noite, junto à urna”.

Os quatro cães “não podem ser separados”

Os animais são muito assustados, mas extremamente unidos. Recentemente, a protetora conseguiu capturar a cadela para a esterilizar. “Não sei a idade deles, mas são novos, embora a cadela tenha sido mãe muitas vezes”, explica. Os cães também não têm nomes e Ana costuma a chamá-los de “meninos” — sempre que escutam a palavra, vêm a correr.

Ana compartilha ainda que sempre que sai de casa para ir a algum sítio a pé, diz “Vamos, meninos” e os quatros cães seguem-na para onde quer que for. “Até têm muito espaço em casa dos donos, mas o problema é não estar lá ninguém”, lamenta. “Estes dias falei com a filha do senhor e ela explicou-me que não tem condições de os levar, pois também tem lá dois cães, trabalha todo o dia e ainda tem de cuidar da mãe que tem problemas de saúde.”

A protetora, por sua vez, também não tem possibilidade de os acolher, uma vez que já tem os seus próprios animais em casa. Os Podengos também não estão habituados a andar de trela. Quando a Ana colocou uma coleira na cadela, na altura de a levar para a esterilização, a patuda “entrou em pânico”, mas passado um bocado, tudo correu bem.

“Eles não podem ser separados, são muito unidos e andam sempre juntos”, frisa. “Quando esterilizei a cadela, como tive de a resguardar uns dias deixando-a presa, os outros não saíram da porta noite e dia. E ela, do lado de dentro, não parava de chorar.”

O ideal para os quatro cães é que sejam adotados juntos e que tenham muito espaço e não gostam de estar presos. “Mas ao mesmo tempo precisam de um lugar de onde não possam sair”, sublinha.

Vários caçadores já tentaram adotar os animais, mas a protetora frisa que “está fora de questão”. Os patudos procuram um novo lar onde vão receber carinho, amor e todos os cuidados de que precisam. Caso tenha interesse em adotá-los ou ajudar com doações, pode entrar em contato com Ana através do Facebook

Fonte: Pets in Town

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