De 488 atropelamentos de animais domésticos foram predominantemente de gatos (72%) e cães (24%), segundo o relatório da IP. Em números, isso corresponde a 351 gatos e 117 cães, além de outros 20 casos envolvendo animais de grande porte, como cavalos. “É importante destacar que a maioria dos registros envolve gatos, que têm facilidade em escalar as cercas, o que faz com que estas não representem um verdadeiro obstáculo à sua presença nas estradas”, ressaltam os autores do relatório.
Diversos fatores levam às mortes de animais domésticos, como o abandono e a presença deles soltos nas proximidades das estradas, destaca a IP. “Muitos animais são abandonados perto das estradas e, por não se afastarem dessas áreas, acabam se tornando vítimas de acidentes. Esses fatores dificultam a redução desse impacto, pois os animais buscam deliberadamente o contato humano e a proximidade das rodovias”, diz o relatório.
Além disso, embora muitas vias estejam cercadas por vedações, os animais ainda conseguem acessar pelas entradas e interseções. Apesar de as vedações sejam regularmente inspecionadas para corrigir falhas, alguns animais menores podem passar pelas aberturas da rede ou por baixo das cercas.
De acordo com os autores do relatório, outro fator relevante é que “as altas velocidades e o tráfego intenso nesses trechos contribuem significativamente para o elevado índice de mortalidade, sendo importante notar que esse também é um problema de segurança viária. Muitos acidentes ocorrem não apenas devido a colisões com animais, mas também por manobras bruscas para desviar, que podem resultar em derrapagens.”
Animais silvestres
Entre os 1.051 animais silvestres que morreram atropelados no ano passado, os mamíferos foram os mais atingidos (70,6%), com destaque para as raposas. Em seguida, vieram as aves (23,5%), incluindo garças-boieiras, passeriformes e aves de rapina noturnas. “Os répteis, majoritariamente cobras, apresentaram números menos significativos (3,3%), enquanto os anfíbios, como de costume, registraram valores bastante baixos (2,4%), o que se deve à sua baixa detecção e alta taxa de decomposição”, detalha o relatório.
No caso dos animais de grande porte, as ocorrências aumentaram em relação ao ano de 2022, com o registro de mortes de quatro corços, nove veados e 63 javalis. Também houve perda de espécies de alta sensibilidade ecológica, incluindo sete linces-ibéricos e um furão-bravo.
Locais com mais mortes
De acordo com o relatório, o padrão de ocorrências por distrito manteve-se semelhante ao dos anos anteriores. Setúbal e Évora ainda são as cidades com o maior número de atropelamentos de animais, seguidas por Beja, Porto e Lisboa. Em uma posição um pouco inferior, encontram-se Castelo Branco e Portalegre. Em muitos casos, esses números refletem a extensão da rede de estradas sob a gestão direta da Infraestruturas de Portugal (IP) em cada distrito.
No que diz respeito aos animais domésticos, assim como nos anos anteriores, a maior concentração de ocorrências acontece nas áreas da Rede de Alta Prestação que atendem os centros urbanos de Lisboa e do Porto.
Medidas de combate aos atropelamentos
A Infraestruturas de Portugal identificou os trechos prioritários para intervenções que visam minimizar os riscos de atropelamento. Entre as medidas estão a adaptação de passagens para a fauna e a instalação de vedações mais eficientes, com uma rede complementar de malha mais apertada acoplada à vedação, instalada em formato ‘L’ e com a base enterrada.
Além das ações da IP, a colaboração de cada um é essencial. Reduzir a velocidade ao conduzir não só protege os animais, mas também aumenta a segurança para todos. A sua atenção e cuidado podem salvar muitas vidas.