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ESFORÇOS DE PROTEÇÃO

Quase extinto: o íbis-eremita tem sua população recuperada e volta a ser visto na natureza

Apesar de ter se recuperado na Europa e Marrocos, eles ainda sofrem com a falta de alimento, a caça e as mudanças climáticas

4 de outubro de 2024
Júlia Zanluchi
2 min. de leitura
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Foto: David J. Stang | Wikimedia Commons

O íbis-eremita, uma ave que foi considerada extinta na Europa por mais de três séculos, voltou a ser visto na natureza como resultado de esforços de proteção e recuperação da espécie.

A população da espécie diminuiu drasticamente por conta da caça, destruição de habitat e uso de pesticidas, restando apenas 59 casais na natureza na década de 1990, todos no Marrocos.

No entanto, os esforços de proteção aumentaram esse número para mais de 500 indivíduos no país, levando a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) a atualizar seu status de criticamente ameaçada para ameaçada em 2018.

Além da população de Marrocos, programas de reintrodução trouxeram o íbis de volta à Europa pela primeira vez desde o século 17. Cerca de 270 aves agora compõem uma população migratória como resultado desses esforços.

O sucesso se deve em grande parte a iniciativas como a da Andaluzia, na Espanha, que começou em 2004. Filhotes criados com muitos cuidados especiais foram gradualmente soltos na natureza para ajudar a reconstruir a população da espécie.

Um projeto único de reintrodução na Áustria e na Alemanha, liderado pelo biólogo Johannes Fritz, também ajudou na recuperação da espécie. Fritz ensinou aves criadas em cativeiro a migrar, liderando-as com uma aeronave ultraleve. A rota migratória inicialmente ia da Alemanha para a Itália, mas fatores ambientais causaram uma mudança para a Espanha em 2023.

Embora os íbis-eremitas europeus agora migrem em sua maioria sem assistência humana, os desafios permanecem. O uso de pesticidas ameaça seu suprimento de alimentos, e as mudanças climáticas estão atrapalhando seus padrões de migração. Em 2023, 17% das aves migratórias foram mortas por caçadores, destacando os perigos contínuos que a espécie enfrenta.

O Marrocos continua sendo o lar da maior população selvagem de íbis-eremitas, concentrada em áreas protegidas como o Parque Nacional de Souss-Massa, estabelecido em 1991. Essas aves, que não migram, se estabilizaram com o auxílio de programas de estudo e monitoramento desde 1994.

Historicamente, a espécie abrangia a Europa, o Oriente Médio e o Norte da África. Uma vez, existiu uma vasta rota migratória no Oriente Médio, passando por países como Etiópia, Arábia Saudita e Turquia, que diminuiu no século 20. A última colônia na região foi considerada extinta quando nenhuma ave retornou à Síria em 2015.

O íbis-eremita era reverenciado em culturas antigas e teve seu próprio hieróglifo simbolizando a palavra “espírito”.

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