Um grave incidente envolvendo a morte de 69 garças durante a poda de árvores em Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, trouxe à tona questões importantes sobre o respeito aos direitos animais e a preservação ambiental. O ocorrido, registrado na tarde dessa segunda-feira (10), resultou no resgate de 165 aves ainda vivas, enquanto outras três foram encontradas mortas no local. No entanto, 66 animais não resistiram ao transporte para a sede do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em Belo Horizonte.
Entre os animais resgatados, 131 eram garças-vaqueiras, cinco garças-brancas-pequenas, cinco savacus e 24 filhotes, provavelmente da espécie garça-vaqueira, incluindo um que ainda estava eclodindo do ovo. Todos foram encaminhados ao Ibama, onde recebem cuidados veterinários.
A Prefeitura de Lagoa Santa emitiu uma nota informando que está apurando o caso e que a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SDU) foi responsável pela poda. O prefeito Breno Salomão (Cidadania) convocou uma reunião para “entender o que ocorreu, apurar responsabilidades e tomar as providências cabíveis”. A nota ainda destacou que a autorização para a poda expressamente proibia a realização do serviço em áreas com ninhos e aves, e que sanções administrativas e ambientais foram aplicadas à empresa contratada.
Negligência e impacto ambiental
Testemunhas relataram que a poda foi realizada sem a devida atenção à presença de ninhos e aves, o que resultou em uma cena de caos e sofrimento animal. Moradores e voluntários tiveram que improvisar caixas de papelão para abrigar os animais feridos e acionaram as autoridades. A Polícia Militar registrou um boletim de ocorrência, e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) instaurou uma notícia de fato para investigar as circunstâncias do ocorrido.
Este incidente evidencia a falta de competência e cuidado em atividades que impactam diretamente a fauna local. A poda de árvores, quando realizada de forma negligente, pode destruir habitats e colocar em risco a vida de espécies que dependem desses ambientes para sobreviver e reproduzir. No caso das garças, que são aves protegidas por lei, a destruição de ninhos e a morte de filhotes representam uma violação grave dos direitos animais e um retrocesso na luta pela conservação ambiental.
Direitos animais em foco
A tragédia em Lagoa Santa serve como um alerta para a necessidade de políticas públicas mais rigorosas e ações preventivas que garantam a proteção da fauna durante intervenções urbanas. A legislação ambiental brasileira prevê punições para quem causa danos à vida selvagem, mas a efetividade dessas leis depende de fiscalização constante e da conscientização de todos os envolvidos em atividades que possam afetar o meio ambiente.
Organizações de defesa animal e ambientalistas têm reforçado a importância de práticas sustentáveis e responsáveis, especialmente em áreas urbanas onde a convivência entre humanos e animais silvestres é cada vez mais comum. A adoção de protocolos que priorizem a preservação de ninhos e habitats, além da capacitação de equipes para lidar com situações de resgate, são medidas essenciais para evitar tragédias como essa.
Enquanto as investigações seguem, a sociedade cobra respostas e ações concretas para garantir que casos como esse não se repitam. A proteção dos direitos animais e a preservação ambiental devem ser prioridades inegociáveis, refletindo um compromisso coletivo com a vida e o equilíbrio ecológico.