Um relatório da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) cujos resultados foram dados a conhecer ontem indica que 24% das espécies de abelhões europeias se encontram ameaçadas. Esta conclusão é preocupante uma vez que estes insetos são responsáveis pela polinização de numerosas culturas agrícolas, contribuindo de forma importante para a segurança alimentar da população europeia.
Com efeito, os abelhões asseguram a produção de produtos hortícolas como os tomates, os pimentos, bem como outros vegetais e frutas que são componentes essenciais na nossa dieta, de tal modo que, dos cinco principais polinizadores europeus, três são abelhões.
Por serem tão importantes, a UE financiou um projeto de investigação que pretende analisar o Estado e Tendências dos Polinizadores Europeus (STEP, sigla em inglês), para além da elaboração da Lista Vermelha dos Polinizadores Europeus. O relatório agora publicado é um produto destas iniciativas, examinando a saúde das populações de 68 espécies de abelhões europeias.
Os resultados revelam que 46% das espécies de abelhões do continente europeu apresentam populações em declínio, enquanto que 29% estão estáveis e apenas 13% registam uma tendência de crescimento.
“Estamos muito preocupados com estes resultados, informou Ana Nieto, Técnica da IUCN especialista em Biodiversidade Europeia. “Uma proporção tão elevada de abelhões ameaçados pode ter sérias implicações na nossa produção de alimentos”.
As causas do declínio observado prendem-se com fatores como as alterações climáticas, a intensificação da agricultura e alterações nos campos agrícolas.
Por exemplo, as alterações climáticas envolvem modificações no habitat dos abelhões. No caso específico de Bombus hyperboreus, que ocorre nas regiões do Ártico e Subártico, as temperaturas elevadas e os longos período de seca originarão uma redução da área de habitat e, consequentemente, a contração das populações.
Por outro lado, a intensificação agrícola nas estepes da Ucrânia e Rússia, tem resultado na destruição do habitat do maior abelhão da Europa, Bombus fragrans.
Por fim, a fragmentação de habitat e a alteração das práticas agrícolas como a que envolve a remoção dos trevos, provocaram um decréscimo de 80% nas populações de Bombus cullumanus, que se alimenta desta planta, tendo resultado numa contração e fragmentação da área ocupada pela espécie, que agora ocorre de forma dispersa na Europa.
Para que estes e outros abelhões possam recuperar e assim cumprir a sua função polinizadores essencial para garantir o sucesso da agricultura é preciso agir “protegendo as espécies de abelhões e os seus habitats, restaurar os ecossistemas degradados e promover práticas agrícolas amigas da biodiversidade”, afirmou Ana Nieto.
A urgência destas medidas é compreendida por Janez Potocnik, Comissário Europeu para o Ambiente, que disse “A UE baniu ou restringiu recentemente o uso de certos pesticidas que são perigosos para abelhas” ao que acrescentou “No entanto, é evidente que os esforços têm de ser intensificados, não apenas através da integração da biodiversidade noutras políticas, mas também para aumentar a consciencialização [dos europeus] dos benefícios oferecidos pelos polinizadores”.
*Esta notícia foi escrita, originalmente, em português europeu e foi mantida em seus padrões linguísticos e ortográficos, em respeito a nossos leitores
Fonte: Naturlink