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SALVAÇÃO

Quando a fumaça sinaliza perigo: como os lagartos australianos evoluíram para escapar do fogo

17 de setembro de 2025
2 min. de leitura
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Foto: Matt Clancy

Pesquisadores australianos descobriram que os lagartos-de-língua-azul (Tiliqua rugosus) conseguem reconhecer o cheiro de fumaça como um sinal de fogo aproximando-se e tentam escapar, mas não reagem ao som do fogo.

O estudo, publicado na Biology Letters, fornece o primeiro teste empírico de uma anedota curiosa: quando tratadores de um zoológico dos EUA queimaram seu almoço, perceberam que não estavam sozinhos em sentir o cheiro acre da fumaça. Lagartos-de-língua-azul em cativeiro ficaram agitados com o odor que se espalhava pelo prédio, enquanto outros répteis permaneceram calmos. Apesar de serem principalmente criados em cativeiro, os lagartos sacudiram a língua, andaram de um lado para o outro e tentaram escapar — um comportamento que os pesquisadores agora demonstram ser inato, e não aprendido.

“Muitos animais de regiões propensas a incêndios, como a Austrália, parecem ter essa habilidade milagrosa de sobreviver à queima de seus lares. Nosso estudo demonstra que alguns lagartos reconhecem inatamente a fumaça como um sinal de fogo iminente e reagem fugindo”, disse o autor principal, Dr. Chris Jolly, da Universidade Macquarie.

Com o aumento da intensidade dos incêndios florestais devido às mudanças climáticas, entender como os animais sobrevivem a incêndios é crucial. Embora muitas vezes se assuma que a vida selvagem apanhada no fogo tem pouca chance de sobrevivência, pesquisas estão revelando que muitas espécies evoluíram estratégias para detectar e escapar do fogo.

Este estudo sugere que ambientes propensos a incêndios moldaram os sistemas sensoriais e comportamentos de animais como o lagarto-de-língua-azul, permitindo-lhes responder à fumaça como um sinal de alerta precoce.

“À medida que os incêndios se tornam mais frequentes, intensos e imprevisíveis — inclusive em habitats que raramente queimavam no passado, como florestas tropicais — precisamos saber quais espécies podem responder aos sinais de fogo e quais são as mais vulneráveis”, disse o Dr. Jolly.

Os pesquisadores expuseram os lagartos à fumaça e ao estalido do fogo, emparelhados com controles apropriados. Os lagartos fugiram da fumaça, mas não do som, mostrando que sua resposta é sintonizada com pistas olfativas. As descobertas sustentam a ideia de que espécies de regiões propensas a incêndios evoluíram adaptações comportamentais para sobreviver a incêndios florestais.

O trabalho destaca a necessidade urgente de entender as estratégias de sobrevivência animal em um clima em rápida mudança. Os incêndios estão se tornando mais destrutivos em todo o mundo, e a perda de biodiversidade está se acelerando à medida que as espécies enfrentam novos regimes de fogo.

Traduzido de Phys.org.

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