Você sabia que animais também podem sofrer com transtornos psicológicos como ansiedade, depressão e TOC? O responsável pelo cuidado desse tipo de quadro é o médico veterinário especializado em psiquiatria animal.
A especialidade é conhecida como etologia clínica, zoopsiquiatria ou medicina veterinária comportamental. Mas o que faz um psiquiatra veterinário?
De acordo com o especialista na área, Luiz Fernando Martins dos Reis, os animais podem ter problemas de comportamento ou transtornos de comportamento.
📌”Problema” é aquilo que incomoda o tutor e que pode ser resolvido com o adestramento.
“Você tem um cachorrinho que rói as coisas, que destrói o sofá, que foge quando você abre o portão, um cachorrinho muito sapeca dentro de casa. Esse problema de comportamento incomoda o tutor. Para o cachorro, ele está só se divertindo, brincando. Isso é um problema de comportamento, e normalmente qualquer adestrador pode resolver problemas de comportamento”, diz o psiquiatra veterinário.
📌 Transtorno é algo que causa sofrimento para o animal e precisa ser tratado.
“Existe, por exemplo, ansiedade por separação, em que o cachorro tem uma verdadeira crise de ansiedade na ausência do tutor, quase que uma crise de pânico. Problemas de reatividade muito sérios, em que o cachorro, de maneira ativa, vai agredir pessoas ou outros animais de maneira muito intensa, a ponto de causar risco à vida de outros seres. Tem casos de animais com ansiedade generalizada que não conseguem nem fazer um passeio, porque eles entram em desespero”, explica.
Segundo Luiz Fernando, se os transtornos não forem tratados corretamente, o “comportamento” pode até melhorar, mas o real problema não vai ter sido resolvido. “Às vezes o cachorro late muito, e isso é um problema de ansiedade. No treino tradicional com um adestrador eles punem para o animal ficar calado. E dá certo, porque o animal para de latir. Mas ele continua em sofrimento, porque ele continua não gostando daqueles estímulos. Ele só tem medo de ser punido, mas ele continua sofrendo”.
Animais também sofrem com ansiedade
Tanto em animais quanto em pessoas, a ansiedade surge como uma reação a situações desafiadoras. Mas, quando ela atinge certa intensidade ou ultrapassa a capacidade de adaptação, passa a ser patológica.
Especialistas explicam que os principais fatores que geram ansiedade nos animais estão ligados ao ambiente e questões psicológicas. Mudanças nos hábitos e na rotina podem causar problemas comportamentais nos animais.
Luiz Fernando Martins dos Reis explica que a medicina veterinária comportamental busca aumentar o bem-estar do animal. Além dos treinos e manejo ambiental, os veterinários podem receitar medicações psiquiátricas que ajudam o animal a ficar melhor.
“Assim como um humano que tem uma crise de ansiedade ou crises de pânico, um animal que tem ansiedade de separação pode ficar mais tranquilo e ter mais estabilidade se a gente tem o auxílio das medicações”, diz o psiquiatra veterinário.
Sinais de alerta
Lambeduras excessivas;
Morder em excesso;
Hiperatividade;
Quebrar objetos em casa;
Agressividade;
Urinar fora do local e outras mudanças de comportamento.
Como evitar a ansiedade nos animais
Existem atividades que podem estimular a produção de serotonina (substância bioquímica que ajuda o cérebro a regular funções como o humor, apetite e até o ritmo cardíaco). Assim como nos humanos, baixos níveis de serotonina nos animais podem provocar distúrbios de ansiedade.
Veja algumas dicas:
Levar para passear todo dia;
Permitir que corram (caso morem em apartamento ou local fechado);
Brincar com eles;
Adquirir brinquedos estimulantes;
Socialização em creches ou conhecer outros animais (para pets que possuem muita hiperatividade).
Fonte: G1
