Alguns tutores de animais podem ser vistos como loucos quando afirmam que realmente conseguem entender o que eles dizem. Os cachorros, especialmente, parecem dizer com o olhar o que querem ou que entenderam o que foi dito.
Professora de psicologia na Columbia University, Alezandra Horowitz dedicou seus estudos acadêmicos à cognição, ou o ato de adquirir conhecimento. Horowitz não se prendeu aos humanos e expandiu seu estudo aos rinocerontes, primatas e cachorros. Para estes últimos dedicou o livro A Cabeça do Cachorro.
A autora estudou como, após milhares de anos de convivência, os cães aprenderam a observar e responder ao comportamento do homem. Especialmente nos dias de hoje, em que os animais chegam a substituir um membro da família.
Os cachorros possuem uma ótima capacidade de aprendizagem. Por exemplo, decoram o nome dos objetos dados pelas pessoas com quem convivem.
Estes animais tornaram-se os melhores amigos do homem por saberem como interpretá-lo, o que os faz confiar mais no tutor do que em outros de sua espécie e perceberem o foco de atenção dos humanos.
Para chegar a estas conclusões, Horowitz fez experimentos com cachorros e seus tutores. As atividades permitiam observar como os caninos percebem o mundo ao seu redor, como interagem uns com os outros, e qual a natureza do relacionamento deles com os humanos.
Em uma dessas experiências, o tutor mostrava um alimento ao animal, dava a ordem para ele comer e deixava o local. Enquanto estivesse sozinho, o cão comia ou os pesquisadores retiravam o alimento. Os tutores que não eram informados da intervenção retornavam à sala e brigavam com os cães. A professora percebeu que os bichos faziam “cara de culpa” quando recebiam advertência.
A conclusão da psicóloga e especialista em comportamento animal foi a de que os cachorros aprenderam, de certa forma, a reagir em resposta ao comportamento de seus tutores: “Nós geramos o contexto que os estimula a produzir aquela cara”, explica.
Com A Cabeça do Cachorro, Horowitz revela a verdade por trás de crenças sobre instinto canino e busca o ponto de vista dos animais para entender as atitudes deles.
Ao longo dos capítulos, a estudiosa mostra como impomos nossa percepção e comportamento ao interpretar os animais, fazendo com que eles realmente os adquiram; a importância que sentidos como o olfato têm para eles e como os cães podem ser verdadeiros antropólogos de seus tutores.
Fonte: Folha de SP