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SOLIDARIEDADE

Protetora dedica trabalho para diminuir população de cães e gatos em situação de rua: 'Castramos 28 mil animais'

Instituição de Sorocaba (SP) realiza castrações com baixo custo em clínica da Vila Fiori, com agendamento prévio. A presidente conta detalhes sobre o propósito deste trabalho e os desafios enfrentados em mais de 30 anos de experiência com os animais.

17 de outubro de 2024
Thamires Victória
5 min. de leitura
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Foto: Divulgação

Pensando em uma forma de diminuir a quantidade de cães e gatos que vivem nas ruas de Sorocaba (SP), uma protetora decidiu criar uma Organização Não Governamental (ONG) especializada na castração de animais.

Ao g1, a protetora Rosangela Maria Gurgel Veras, de 66 anos, falou sobre o propósito deste trabalho e os desafios enfrentados em mais de 30 anos de experiência com a luta pela defesa dos animais.

Rosangela atua em Sorocaba desde 2011, mas a Associação de Castração Bicho Carente (ACBC) surgiu apenas apenas em 2019. A instituição foi criada, inicialmente, por causa do excesso de animais que Rosangela e sua mãe resgatavam nas ruas e acabavam não conseguindo doar. Eram bichos doentes, muitas vezes aleijados, e sem raça.

“No mesmo mês que chegamos em Sorocaba, já resgatamos quatro cadelas. Todos eles, sem exceção, sempre tinham suas histórias: ou trágicas, ou de desaparecimento. E é muito difícil dar conta de tantos, prestar atenção se estão saudáveis e mantê-los com qualidade.”

A mãe da protetora, que atualmente tem 87 anos, sempre serviu de inspiração, pois nunca deixou de cuidar dos bichinhos, uma vez que este hábito a acompanha desde os seus sete anos. A filha diz que as duas já chegaram a ter 25 cães, vindos de Minas Gerais, e 30 gatos.

“Sempre tivemos animais em casa. Somos sete filhos e, quando crianças, resgatávamos de tudo, até mesmo pombos machucados”, conta. “Animais que não são bonitos aos olhos de muitos, são belíssimos aos nossos olhos.”

Trabalho da associação

A ideia da ONG foi toda de Rosangela, desde o nome até a execução das ideias. No entanto, nos dias atuais, o corpo administrativo acaba atuando mais, o que é de grande ajuda para a presidente. Pessoas “de fora” também podem contribuir através dos grupos de resgate parceiros e com o oferecimento de apoio logístico.

“Nossos grupos resgatam e orientam resgates, ajudando pessoas que nos procuram. Tentamos minimizar e solucionar esses casos da melhor forma, dentro das nossas possibilidades físicas e financeiras.”

“Os resgates são particulares. A ONG, agora, é só de castração”, explica a fundadora. “Os animais são meus e dos nossos grupos, com várias protetoras independentes”, complementa.

Desafios enfrentados

Ela conta que os resgates são ações estressantes que podem “subir à cabeça”: “Não conseguimos lidar com o abandono. É muito difícil ver um animal desorientado, sem rumo, muitas vezes em um lugar sem chances de sobrevivência. Resgatar demanda tempo, custos, espaço, trabalho físico e psicológico”, lamenta.

Mas o alívio é capaz de aparecer em meio às histórias tristes e inesquecíveis: “Já cheguei a resgatar uma gata com dias de vida que estava com a barriga aberta e os órgãos expostos. Hoje ela está bem e com 10 anos de idade”, celebra a presidente.

Para Rosangela, o maior desafio na execução desse trabalho é a falta de recursos. Ela desabafa que, se contasse com mais doações e fundos, talvez fosse possível abranger as ações, aumentar o espaço e, automaticamente, o número de animais resgatados.

“Minha maior frustração é que, sem verba e sem ajuda, eu não consegui diminuir o abandono, que era o principal foco da ONG. Já castramos 28 mil animais, entre cães e gatos, mas Sorocaba continua com excesso de bichinhos nas ruas, principalmente nos bairros periféricos.”

“Eu queria poder ter condições de fazer um trabalho maior, principalmente nas escolas, conscientizando que o animal é um ser que tem sentimentos, que abandonar não é a solução, e que esse abandono sobrecarrega os ativistas e o município”, pontua.

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