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Protetora conta como foi o dia no galpão dos resgatados da tragédia do RJ

18 de janeiro de 2011
2 min. de leitura
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Karla Alves
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Estou muito triste, com o coração muito triste. Estou exausta e cansada. Depois de um dia inteiro de luta no galpão, chego em casa e encontro 5 bebezinhos gambás mortos. Sem a menor explicação.

Quando saí as 5 horas da manhã para Teresópolis, eles estavam ótimos, inclusive bem ativos e brincando. Nada mudou e de repente estão mortos. Não consigo entender. Já chorei horrores, primeiro pela pressão que vivi hoje o dia inteiro e segundo pelos meus bebês. Está sendo difícil para mim, porque me culpo por estar aqui para socorre-los. Difícil entender os desígnios de Deus, quando passo o dia inteiro fazendo caridade e encontro meus bebês mortos. Vou mandar seus corpinhos para necrópsia. Preciso saber o que aconteceu. Preciso dar um explicação a dor que estou sentindo.

Bem, lá no galpão foi muito triste e muito bonito ao mesmo tempo. A parte triste foi ver aqueles bichinhos chegando, sujos, machucados, desesperados, sem andar, com fraturas, apavorados. A parte linda foi a integração dos voluntários, a boa vontade, o amor verdadeiro de todos os que estavam ali, pelos animais.

Também foi lindo ver os tutores que foram procurar seus bichinhos e os reencontrando. Foi lindo e muitos ficaram com os olhos cheios d’água. A felicidade dos cães e dos tutores era indescritível. Mas confesso que acho que não era maior que a minha. Eu ficava radiante, com vontade de dar um grito de felicidade.

Foi muito bonito ver pessoas vindo de longe para adotar os resgatados. Deve passar tudo na televisão, pois ficaram lá conosco o dia inteiro filmando. Trouxe uma cadelinha comigo e depois conto a história dela. Hoje não consigo mais pensar. Não consigo mais escrever também. Prometo que amanhã tento contar direitinho tudo o que vi lá.

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