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Protetora acusa canil de maus-tratos depois de morte de filhotes em SP

16 de dezembro de 2010
5 min. de leitura
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Voluntaria Carol
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Em novembro de 2010, uma cachorra, dentre vários outros cães, foi resgatada de uma antiga favela demolida próxima à rodovia Fernão Dias, São Paulo (SP), e levada para o canil. Ela já estava prenhe, com cerca de 55 dias de gestação (gestação de cão dura cerca de 60 dias) e haviam 4 filhotes, conforme resultado do ultrassom.

Poucos dias depois, ela deu à luz a três filhotes, sendo que dois nasceram sadios e um morto, segundo me informou o canil. Nesse dia, eu não fui informada de que ela tinha parido, ninguém me informou nada. No dia seguinte, por volta de 11h ou 12h, o veterinário do canil me telefonou contando o ocorrido e pedindo autorização para fazer uma cesária de emergência, pois, segundo o ultrassom feito anteriormente, ainda havia um filhote na barriga. Eu autorizei prontamente.

Imediatamente, a mãe foi separada dos filhotes para a realização da cesária. Posteriormente eu encontrei pessoalmente a veterinária que a operou e fiquei sabendo que normalmente, a mãe deveria ter chegado na clínica junto com os filhotes, sendo separados dela somente, e tão somente, no momento da cirurgia, e imediatamente devolvidos ao contato com ela após a cirurgia que deve ser o mais breve possível e, enquanto isso deve ser fornecida fonte de calor externa e alimentação caso a cirurgia se prolongue.

Nesse mesmo dia, logo após o almoço, eu fui na clínica para visitar os filhotes. Eles estavam dentro de uma caixa de transporte tamanho GG apenas com uns pedaços de papelão e uma toalha, sem nenhuma fonte externa de calor. Esses filhotes tinham apenas 24 horas de vida e perdem calor muito rápido. Eu perguntei ao proprietário do canil se eles ofereceram assistência aos filhotes enquanto a mãe estava em cirurgia. Ele não confirmou que deu assistência, apenas ficou dizendo que é normal os filhotes morrerem, tentou pôr a culpa na mãe, alegando que ela nem olhava para eles e insistia dizendo que fizeram de tudo que estava ao alcance deles, que só queriam ajudar e que eu era mal agradecida, dando a entender que eu era a pessoa má e ele a vítima.

Ao tocar os filhotes durante essa visita, percebi que eles estavam com a cabeça e extremidades geladas. Minha irmã também tocou neles (tenho vídeo disso) e ela também confirma que estavam frios (palavras dela mesma). No vídeo mostra que eles ainda estavam saudáveis, se movimentando e chorando. Eu falei para o veterinário que eles estavam gelados, ele me respondeu, sem dar muita atenção ao caso, que depois ia colocar umas garrafas (com agua quente dentro) para eles se aquecerem. Então, confiei na palavra dele e fui embora.

Ao sair da sala, percebi que o veterinário não tinha guardado os filhotes de volta na caixa. Eles estavam sobre a mesa. Então perguntei se os filhotes não iriam cair da mesa, só então, ele guardou os filhotes. Isso já é um exemplo de negligencia. Chegando em casa, eu mandei um email para as outras protetoras envolvidas nesse resgate, contei da minha visita e cheguei a comentar que se mais algum filhote morresse, então era negligencia mesmo, pois eles estavam gelados.

A mãe pariu na segunda feira. A separação dos filhotes vivos e cesariana foi na terça. Na sexta, recebo um e-mail do proprietário que mãe e filhote passam bem. Como assim ” mãe e filhote”? Não eram 2 filhotes? Imediatamente, eu telefonei para ele para perguntar se os dois filhotes estavam bem e fui informada que um havia morrido. Um sentimento muito ruim tomou conta de mim. No mesmo dia, à tarde, fui até a clínica e retirei a mãe e o último filhote e os transferi às pressas para um outro hotel.

O responsável disse que o filhote estava muito mal e que ele não tinha funcionário para ficar a madrugada toda cuidando dele. Tentamos colocar o filhote para mamar na mãe, mas ela estava muito agitada e ficamos com medo de que ele morresse pisoteado. O filhote também estava sem forças, muito prostrado e não mamava. Por isso, achamos melhor levar o filhote para minha casa e cuidar dele pessoalmente. Comprei leite para filhote recém-nascido, mamadeira especial e deixei-o perto de um aquecedor elétrico. Eu precisava derramar o leite gota a gota em sua boca pois ele não tinha o reflexo de mamar, estava muito fraco.

No mesmo dia, durante a noite, o filhote faleceu. O cadáver foi encaminhado para necropsia. O resultado fica pronto apenas em janeiro. Posteriormente, fui à clínica e conversei com o proprietário novamente. Questionei o fato dele ter me passado uma informação incorreta (de que os cães estavam bem, sendo que não estavam), ele não soube explicar, ficou tentando achar todo tipo de justificativa, depois começou a fazer comentários sobre a “má fama das protetoras”, tentando desviar o foco da conversa.

Eu solicitei o prontuário dos cães e ele disse que iria me mandar até o fim da semana. Não cumpriu. Disse para eu falar com o veterinário por email, que me mandaria o endereço eletrônico dele. Também não cumpriu. Ao invés disso, telefonou para outra protetora envolvida no caso se fazendo de vítima, afirmando que fizeram tudo que podiam pelos cães, que só queriam ajudar e que eu estava querendo engrossar, que era pra ela conversar comigo. E agora, o caso esta assim. Não vou deixar isso passar em branco de maneira nenhuma. Ajudem-me a ajudar os animais.

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