Marco Ferreira, de 38 anos, acredita que é um escolhido. Segundo ele, apenas algumas pessoas nascem com o dom para ser um protetor da natureza. Na sua casa e em um sítio, ambos em Imbariê, Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, Marco abriga 70 cachorros que salvou de diversas situações de maus-tratos. Todos aguardam adoção.
“Meu primeiro resgate aconteceu quando eu tinha 10 anos, mas meu avô teve que matar o cachorro porque estava doente” lembra.
Quando completou a maioridade, Marco passou a recolher cães abandonados. Para ganhar a vida, faz banho e tosa e um serviço de táxi para animais. No início, era difícil sustentar a família e os cães, mas atualmente recebe doações pelo Facebook:
“A gente gasta 45 quilos de ração por dia. Não gosto nem de pensar quanto é. Se a gente soma, fica maluco.”
Para driblar as dificuldades, Marco usa a criatividade. Foi assim que desenvolveu uma cadeira para cães paraplégicos: usou alguns canos de PVC e rodas de bicicleta infantil.
“Gasto cerca de R$ 120 com cada cadeirinha. Na loja, custa R$ 700” compara.
Marco já passou por maus bocados para salvar os cães dos maus-tratos e até da morte. Certa vez, teve que invadir um canil municipal:
“A maioria dos cães resgatados é doente, está sem água e sem comida. Eu ainda entro com processo contra a pessoa. Tem que denunciar.”
Um dos maiores problemas, segundo ele, é conseguir um novo lar, a não ser que os cães sejam de raça:
“Existe preconceito quando é SRD e quando o cachorro é preto. Os branquinhos e amarelinhos são sempre os adotados.”
Quando conheceu Marco, aos 17 anos, Andreia Ferreira, de 37, sabia de sua paixão pelos animais. Juntos há duas décadas, vivem para isso:
“A gente não passeia nem viaja. Se eu disser que não fico um pouco chateada é mentira, mas passa logo quando vejo a necessidade deles.”
O casal teve dois filhos: Jeniffer e Marco, que cresceram na companhia de cães.
“Aqui todo mundo é doido por cachorro. Somos uma família só” conta Andreia.
A paixão contagiou a filha do casal. A adolescente de 18 anos pretende prestar vestibular para veterinária, no ano que vem:
“Tenho esse sonho desde criança. Jamais senti ciúmes de ver meus pais se dedicando a eles. Como veterinária, poderei ajudar mais.”
Fonte: Extra Globo