Os tempos difíceis que o Brasil vem passando nos últimos anos não se refletem apenas na vida dos seres humanos. Os animais têm experimentado tempos bem cruéis. Quem trabalha com a proteção animal tem vivenciado situações que atestam essa realidade, cada vez mais frequente. “São inúmeros os pedidos de resgate que recebemos diariamente. Infelizmente, desde julho, tivemos que suspender os resgates de cães e gatos porque não temos condições de absorver toda a demanda de animais abandonados, que sofrem maus-tratos na rua”, lamenta Mariana Stabili, coordenadora do Instituto Hope RN, uma das inúmeras ONGs que atua em Natal (RN), de maneira voluntária e dependendo de doações, as quais têm estado cada vez mais escassas devido as dificuldades financeiras por que passa a maioria das pessoas.
Os protetores, sejam independentes ou de instituições, sabem de um modo geral, que ainda existe uma cultura de que os animais que vivem em situação de rua conseguem “se virar”. Como se um cão ou um gato que vive perambulando pelas latas de lixo nas esquinas, pudessem entrar numa restaurante, acionar o garçom e dizer: “um filé com fritas, faz favor!”. Entretanto, a realidade é bem diferente dessa brincadeira. Afora a fome e sede comum nesse tipo de situação, os animais quando não são vítimas diretamente de maus-tratos pelas pessoas, são vítimas da indiferença. Porém, tornarem-se invisíveis tanto pelo poder público, quanto por parte da sociedade não diminui o problema, muito pelo contrário, só aumenta. “Nossa ONG trabalha com o conceito de saúde única. Que consiste em fazer um esforço colaborativo e multidirecional para garantir a saúde das pessoas, dos animais e do meio ambiente”, explica Stabili.
E por que a saúde das pessoas depende também da saúde dos animais? Porque os animais que vivem em situação de rua podem contrair doenças e se tornarem reservatórios de transmissão de zoonoses para os seres humanos, como é o caso da Leishmaniose (conhecida também como calazar), cujo vetor de transmissão é um mosquito (flebotomíneo) e não o cão. No entanto, o cão infectado, assim como o homem infectado, passa a ser reservatórios de transmissão. “A questão é o que os animais sofrem com essas doenças e sim, é uma questão de saúde pública”, explica a outra coordenadora do Instituto Hope, Flaviane Veras.
O Instituto Hope RN existe há mais de dez anos. Atualmente são abrigados mais de 60 animais, entre cães e gatos, a maioria deles aptos para adoção. Qualquer abrigo de animais tem, basicamente, as seguintes premissas: resgatar animais abandonados e que sofrem maus-tratos; cuidar deles e dispô-los para adoção responsável. “Acontece que esse ciclo não se fecha completamente quando só abrigamos, cuidamos, tratamos e não conseguimos adotantes. E, no momento atual, sequer conseguimos doações que possam manter nossas contas que não são poucas e só crescem”, afirma Stabili. O Hope, por exemplo, funciona numa casa alugada na Zona Sul de Natal, tem dois funcionários e mais folguistas nos finais de semana. E necessita de doações que serão usadas desde a compra de ração, medicamentos, tratamentos em clínicas, material de limpeza, pagamento de aluguel, água, luz, IPTU dentre outras necessidades.
EVENTO DE ADOÇÃO RESPONSÁVEL
O Instituto Hope fará neste sábado, 10 de setembro, um Evento de Adoção Responsável de cães e gatos, na Petz que fica na Engenheiro Roberto Freire, 20, em Capim Macio, das 11h às 16h. Estarão disponíveis para adoção cães e gatos, todos devidamente já bem tratados e à espera de que o ciclo se feche no que começou com uma história triste de abandono, passou pelo resgate e culmina com adoção responsável. Para tornar-se apto a adoção dos animais que estarão disponíveis no evento, basta levar um documento de identificação com foto, preencher um questionário de adoção e, o principal: se comprometer a cuidar de um animal que já conheceu o abandono.
“Quem adota um animal, leva para casa uma responsabilidade por pelo menos uns dez anos. E é uma experiência maravilhosa porque a adoção é um ato de amor sob diversos prismas: primeiro, será um animal a menos sofrendo maus-tratos nas ruas; se sai de um abrigo como o nosso, automaticamente, tendemos a abrir uma vaga para outro animal; terceiro, a adoção é uma relação de amor e parceria que só quem tem um ou mais animais sabe o que significa. Os cães e gatos são animais domésticos, eles se adaptaram há séculos a conviver conosco e essa relação é um aprendizado e uma maneira de nos tornamos mais empáticos com outras vidas que não da espécie humana. Afinal, todas as vidas importam”, finalizou Veras.
Evento de Adoção de Cães e Gatos
Dia: 10 de setembro
Hora: 11h às 16h
Local: Petz Engenheiro Roberto Freire, 20, Capim Macio
Mais informações sobre o Instituto Hope, adoções e doações, acessar: @institutohopern
Fonte: Saiba Mais