As algas nos oceanos podem representar um risco significativo para humanos e vida marinha. Sob condições favoráveis, certas espécies de algas podem se multiplicar rapidamente, um fenômeno conhecido como floração algal. Embora as algas sempre liberem pequenas quantidades de toxinas, um aumento massivo em sua população eleva a concentração dessas substâncias na água. Essas toxinas podem se acumular em organismos marinhos, como os mexilhões.
Estudo norueguês analisa impacto das mudanças climáticas
Pesquisadores do Nansen Center em Bergen investigaram como futuras mudanças na temperatura e salinidade do mar podem afetar a frequência das florações das duas espécies de algas mais nocivas na costa norueguesa:
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Dinophysis acuta – Produz toxinas que causam graves problemas estomacais se consumidas via mexilhões contaminados.
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Alexandrium tamarense – Libera toxinas que podem levar a paralisia.
Mudanças climáticas podem alterar padrões de florações
Com o aquecimento global, espera-se que algas nocivas se espalhem para novas regiões (em direção aos polos nos dois hemisférios). Mas até agora não estava claro como isso afetaria sua frequência.
Um novo estudo, publicado na Nature Communications Earth & Environment, combinou modelos climáticos, 14 anos de observações e modelos probabilísticos para prever o comportamento dessas algas em um cenário com 3°C a mais na temperatura global. Os pesquisadores também consideraram o aumento de chuvas e da água doce nos oceanos (que reduz a salinidade).
Principais descobertas:
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Águas mais quentes levarão a mais florações na primavera e outono, mas a menos no verão (quando o calor excessivo inibe o crescimento dessas algas).
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Resposta diferente à salinidade:
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D. acuta: Pouco afetada por mudanças na salinidade. Seu aumento anual de florações pode chegar a 50% em um mundo 3°C mais quente.
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A. tamarense: Prefere águas salgadas. Suas florações anuais podem diminuir 40% com a redução da salinidade.
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Implicações para monitoramento e indústria
Os resultados ajudam autoridades a:
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Antecipar mudanças nos riscos associados a cada tipo de alga;
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Adaptar operações e sistemas de monitoramento;
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Priorizar áreas onde o risco aumenta mais rapidamente.
“Essas projeções são essenciais para implementar medidas preventivas e proteger tanto a saúde pública quanto a economia costeira”, destaca Edson Silva, líder do estudo no Nansen Center e Bjerknes Center.
Traduzido de Phys.org.