Um grupo de nove fotógrafos tem andado pela Great Bear Rainforest (Floresta do Urso Grande), na costa da província de British Columbia, oeste do Canadá, documentando sua natureza selvagem e os povos que a habitam. A expedição fotográfica, iniciada no começo de setembro, quer chamar a atenção para a diversidade ambiental e humana da região. Isso porque a floresta temperada, uma das maiores ainda existentes no mundo, pode ser ameaçada por um empreendimento que prevê a construção de um oleoduto e de um terminal petroleiro no litoral.
Criada pela International League of Conservation Photographers (iLCP), a expedição foi denominada Rapid Assessment Visual Expedition (Expedição de Avaliação Visual Rápida), ou RAVE. A ideia é que o conjunto de imagens capturadas seja divulgado para ilustrar a diversidade da vida selvagem da floresta e a cultura de seus habitantes nativos, para assim endossar a causa dos opositores ao empreendimento.
A Floresta do Grande Urso, além de habitat de centenas de espécies de animais e mais de 10 povos nativos, é a única do mundo que abriga o Kermode, uma subespécie rara do urso negro americano que, por conta de um alelo recessivo no código genético, possui pelagem branca ou creme. Ele também é chamado de “spirit bear” (urso-espírito) no Canadá.
Petróleo
O empreendimento petrolífero em questão chama-se Northern Gateway, e prevê a construção de um oleoduto para levar petróleo das Areias Oleosas de Athabasca, extensos depósitos de betume a noroeste da província de Alberta, para um terminal petroleiro proposto para instalação na costa oeste. A rota de escoamento necessariamente passa pela vizinha British Columbia, para chegar ao litoral e se direcionar às economias asiáticas – a China é a maior apoiadora e potencial beneficiária. No meio do caminho – e na própria costa – está a Floresta do Urso Grande.
A Enbridge, companhia canadense que opera uma série de dutos na América do Norte, é a responsável pelo empreendimento. Além da potencial ameaça ambiental, a discussão sobre o o oleoduto e o terminal petroleiro também possui perspectiva humana: grande parte dos territórios da floresta está sob jurisdição de povos indígenas, que tem poder de veto sobre o desenvolvimento do projeto. Em março deste ano, a Coastal First Nations, aliança que congrega nove povos originários da costa da província British Columbia, se posicionou contra o projeto em documento oficial. “Nós vamos proteger a nós e às nossas futuras gerações com todas as forças que tivermos. Um eventual derrame de petróleo na costa de British Columbia nos apagaria do mapa. O nosso litoral não pode suportar isso”, declarou Gerald Amos, diretor da associação.
Fonte: Estadão