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Projeto tenta salvar da extinção papagaio nativo do Rio Grande do Sul

18 de julho de 2013
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Semente de pinheiros, o pinhão é o principal alimento do papagaio-charão (Foto: UPF/Divulgação)
Semente de pinheiros, o pinhão é o principal alimento do papagaio-charão (Foto: UPF/Divulgação)

Pesquisadores e ambientalistas do Rio Grande do Sul unem esforços há mais de 20 anos para tentar evitar a extinção de uma ave nativa do estado, o papagaio-charão. Criado em 1991, o Projeto Charão é considerado um exemplo na área de conservação biológica e já ampliou sua atuação para outra espécie que vive no sul do país e também é considerada ameaçada, o papagaio-de-peito-roxo.

Conhecido pelos cientistas por Amazona pretrei, o papagaio-charão vive nas matas de araucárias do nordeste gaúcho e sudeste de Santa Catarina. É um dos menores papagaios brasileiros, com cerca de 32 centímetros de comprimento e plumagem verde. O que o diferencia dos demais é a “máscara” vermelha, que também cobre parte das asas e as polainas das patas.

Papagaios-charão se reproduzem no zoológico de Gramado (Foto: Caroline Zanchi/Gramadozoo)
Papagaios-charão se reproduzem no zoológico de
Gramado (Foto: Caroline Zanchi/Gramadozoo)

A espécie consta na categoria vulnerável no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no Rio Grande do Sul (2003). Graças aos esforços do Projeto Charão, parceria entre a Associação Amigos do Meio Ambiente (AMA) de Carazinho e a Universidade de Passo Fundo (UPF), a população dessas aves subiu de 2,1 mil para cerca de 17mil aves atualmente.

“Pode-se dizer que hoje a população é estável. Desenvolvemos um projeto de longo prazo, com o censo destes animais e a monitoria da produção de pinhão, intimamente ligada coma migração dos pássaros”, diz a professora Nêmora Pauletti Prestes, do Instituto de Ciências Biológicas da UPF e uma das coordenadoras do projeto.

Segundo a professora, as principais ameaças ao papagaio-charão são a captura de filhotes para abastecer o comércio ilegal e a destruição do seu habitat. A araucária, árvore que também corre o risco de desaparecer, chegou a cobrir 10% da vegetação do Rio Grande do Sul, mas hoje é uma raridade no estado. Essas árvores fornecem a principal fonte de alimentação para a ave durante o outono e inverno, que são as sementes do pinheiro-brasileiro, mais conhecidas como pinhões.

Até meados dos anos 1980, os bandos de charões concentravam-se no nordeste do estado, nas imediações da Estação Ecológica de Aracuri, localizada no município de Muitos Capões. A unidade foi especialmente criada para proteger o local onde os papagaios reuniam-se durante a fase de forrageamento com as sementes de araucária.

A diminuição da cobertura florestal na região e a consequente escassez dos alimentos, no entanto, fez as aves migrarem anualmente, desde o início dos anos 1990, para cidades do planalto catarinense. Na época de maturação do pinhão, milhares de papagaios-charão são avistados em cidades como Painel, Lages e Urupema.

Nos demais meses do ano, a espécie distribui-se por uma ampla área do estado, principalmente no Nordeste, Centro e Sudeste, onde se alimenta de sementes de gabiroba e canela, entre outros frutos e folhas de plantas nativas. Em alguns desses locais, compartilham o ambiente com outro papagaio da Mata Atlântica ameaçado, o de peito-roxo (Amazona vinacea), que passou a ser estudado pelo projeto em 2009.

Ligado ao Fundo Brasileiro de Biodiversidade (Funbio) e com apoio de outras entidades, o Projetão Charão tem como objetivo ampliar as possibilidades de sobrevivência das duas espécies. Para isso, os participantes desenvolvem ações voltadas para a conservação do habitat natural das aves, além de práticas de educação ambiental das comunidades envolvidas, monitoramento populacional e pesquisas de reprodução em cativeiro, entre outras atividades.

Também em risco, papagaio-de-peito-roxo passou a ser estudado em 2009 (Foto: UPF/Divulgação)
Também em risco, papagaio-de-peito-roxo passou a ser estudado em 2009 (Foto: UPF/Divulgação)

Fonte: G1

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