O Projeto Tamar soltou, na última quinta-feira (10), cerca de 50 filhotes de tartarugas-de-pente na Praia das Minas, localizada na cidade Tibau do Sul, no litoral Sul do Rio Grande do Norte. Uma das mais importantes para a espécie, a praia das Minas faz parte da Área de Proteção Ambiental Bonfim-Guaraíra (APABG), uma Unidade de Conservação Estadual administrada pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema).
Além disso, de acordo com informações do G1, a Praia das Minas está entre as praias que mais atraem as tartarugas no litoral do Rio Grande do Norte. Primeiramente, os animais vão ao local para realizar a desova e, depois, para o nascimento dos filhotes, quando chega o período da eclosão dos ovos.
O pesquisador e membro do Projeto Tamar, Eduardo Lima, explica que, para terem o máximo de geração de filhotes, as tartarugas consideram fatores como umidade, textura da areia, temperatura e áreas pouco habitadas ao escolherem a região para desova.
Conforme relatado pelo Idema, a tartaruga-de-pente está extremamente ameaçada de extinção e a Praia das Minas faz parte da maior área de ninhos da espécie no litoral do estado, considerado uma região de estudo integral. Passando pelos municípios de Senador Georgino Avelino, Tibau do Sul, Baía Formosa e Nísia Floresta, essa faixa, segundo o pesquisador, é a região de maior incidência de desova de tartaruga do Atlântico Sul.
A Praia das Minas cobre uma faixa de quatro quilômetros e abriga 129 ninhos de tartarugas monitorados pelo Projeto Tamar. Segundo o site G1, em seus 19 quilômetros, a área completa, que compreende outras duas praias, reúne um total de 525 ninhos. Além disso, Tibau do Sul, que abrange as praias Madeiro, Cacimbinha e Baía dos Golfinhos, é uma área com um maior sucesso de eclosão.
No estado potiguar, a temporada reprodutiva das tartarugas começa em novembro, com as primeiras desovas, e se estende até junho, quando há o nascimento dos últimos filhotes. O pico reprodutivo ocorre nos meses de fevereiro e março. Durante esse período, o cuidado com a proteção desses animais é redobrado.
Eduardo ainda acrescenta: “Essa área sofre muito com o tráfego de veículos, gerando um grande problema nesse processo de conservação da espécie. Fazemos um pedido para a preservação dessa área e para muitas outras onde ocorre desova de tartaruga”.
“De maneira bastante impensada, algumas pessoas pegam os tubos – fixados na areia para identificação de ninho, para apoiar varas de pescar, fazer trave de futebol e pendurar sacolas. É realmente triste ver que muita gente não se importa e não pensa que toda ação produz uma reação, interferindo diretamente na manutenção do ecossistema”, relatou o pesquisador ao G1.
Preservação da área de eclosão das tartarugas
O diretor-geral do Idema defende que esse trabalho de preservação da espécie é uma missão que cabe a toda a população. “Fazemos parte da natureza e a responsabilidade de zelar pelo meio ambiente é individual e coletiva. O trabalho realizado pelo Projeto Tamar é fundamental para a sobrevivência da tartaruga-de-pente no território brasileiro, mas ele não é suficiente sem a sensibilização e a colaboração efetiva das pessoas”, afirmou o diretor ao G1.
A Fundação Projeto Tamar, citada pelo diretor, atua no litoral brasileiro desde os anos 80, com o objetivo de promover a recuperação das tartarugas marinhas, com base em ações de pesquisa, conservação e inclusão social.
No RN, o Projeto busca parcerias para continuar com o processo de monitoramento, já que um dos maiores desafios da organização é a contratação profissional. Segundo o site, em boa parte do Litoral Sul, por exemplo, o pesquisador Eduardo Lima faz, praticamente sozinho, todo o trabalho com os ninhos.
Em Tibau do Sul, a Secretária Municipal de Meio Ambiente, por sua vez, disse ter criado bloqueios com estacas de madeira para que veículos automotores não trafegassem no trecho, como forma de preservação da área.
“Aqui, além da colocação dos bloqueios, fizemos a sinalização com a colocação de placas em parceria com a iniciativa privada. A associação de hotéis e pousadas de Tibau do Sul compreendem a importância dessa unicidade para mantermos nossa biodiversidade e o turismo de forma sustentável”, disse a secretária Laíra Sousa.
Além disso, recentemente, o Idema lançou a cartilha “Boas práticas para conservação de tartarugas marinhas – Área de Proteção Ambiental Bonfim-Guaraíra” – que está disponível em formato digital no site idema.rn.gov.br. O material reúne um conteúdo sobre desova, eclosão de ninhos, período de reprodução, trabalho de monitoramento, ameaças, os procedimentos corretos ao encontrar uma tartaruga marinha, os principais telefones para contato, entre outros.