A população da palanca-negra gigante, que em 1982 era de cerca de dois mil animais nas reservas naturais de Cangandala e Luando, província de Malanje, em Angola, ficou atualmente reduzida a 5%, em consequência de vários fatores, entre os quais os conflitos armados, afirmou hoje o especialista Mário Pinto Vaz.
Coordenador do projeto de conservação da palanca-negra gigante, do Ministério do Ambiente, que apresentou a situação ecológica da palanca-negra nas primeiras Jornadas Técnicas dos Parques Nacionais e Áreas de Conservação, disse que esforços continuam a ser envidados para que esta espécie rara não seja extinta.
Atualmente, aguarda-se com sucesso pela reprodução das nove fêmeas e um macho controlados na área protegida, denominado “Santuário”, criada no Parque Nacional de Cangandala, província de Malanje.
De acordo com Pinto Vaz, apesar de o projeto decorrer sem sobressaltos na reserva de Cangandala, há necessidades de reforçar os mecanismos de fiscalização de forma eficaz na reserva de Luando, onde estão localizados outros sete machos.
Informações das autoridades locais, de acordo com o coordenador, reportam o registo frequente da persistência de caçadores munidos de arma de fogo, naquela região, uma situação pouco contrariada pelos poucos fiscais lá destacados, por falta de meios para o efeito.
“Os caçadores continuam a ser uma preocupação, porque muitos fiscais que por lá estão destacados não possuem meios para contrapor esta ação”, disse, defendendo a necessidade do reforço da fiscalização nas duas localidades.
Para este ano de 2010, o Ministério do Ambiente, com ajuda dos seus parceiros, pretende alargar o Santuário de Cangandala (onde está localizada essa espécie para a sua reprodução), de 400 para três mil hectares, recuperação das infraestruturas do Luando e tomada de medidas na contenção da caça furtiva, uma ação que poderá contar como apoio das Forças Armadas.
O vice-governador de Malanje, Cristóvão da Cunha, também presente neste evento, assegurou que esforços continuarão a ser envidados para que a palanca-negra Gigante, símbolo nacional, não seja extinta.
Pediu, no entanto, maior colaboração com as autoridades locais, assim como o respeito da cultura dos povos que residem nas redondezas dessas áreas de conservação, por parte dos técnicos do setor do ambiente.
No quadro da sua conservação, o Ministério do Ambiente propõe-se apresentar ao Governo uma iniciativa para transformar o Parque Nacional de Cangandala, habitat da Palanca Negra, em unidade orçamental.
Fonte: Ango Notícias
Nota da Redação: Apenas depois de devastar quase tudo, o ser humano se dá conta de que precisa reverter o estrago. Essa corrida em direção à preservação de uma espécie já rara no planeta se deve à capacidade destrutiva do homem. Devemos dedicar nossos esforços em recuperar habitats, e em reverter, o máximo possível, o que tomamos do planeta e dos animais. Obrigar ou estimular os animais a se reproduzirem, a fim de evitar sua extinção, é um remendo trágico, que a natureza, certamente, preferiria que não fosse necessário.