O Projeto Manatí, que faz parte do Programa de Conservação de Mamíferos Marinhos da ONG ambiental Aquasis, buscará animais encalhados na costa do Ceará. A operação que pretende resgatar mamíferos marinhos vivos e carcaças de animais ocorrerá durante esta quinta, 17, e sexta-feira, 18.
A equipe do Projeto Manatí monitora toda a costa do estado periodicamente cobrindo trechos pré-determinados do litoral cearense. No ano de 2014, foram percorridos, em março, os trechos entre Pontal das Almas, Barroquinha até a Praia de Almofala, Itarema e, em maio, o trecho entre a margem leste do Rio dos Torrões, Amontada até a Praia do Icaraí, Caucaia. Nestas expedições foram encontradas três carcaças, todas de boto-cinza, mamífero marinho com maior número de encalhes no estado, que sofre com a captura acidental em redes de pesca. Dessa vez, o trecho monitorado foi a orla de Fortaleza, da praia de Iparana, Caucaia até o Caça e Pesca.
Além da busca, o projeto faz uma intensa campanha de informação junto às comunidades costeiras e agentes estratégicos locais, como professores, guias de turismo, escolas de surf, barracas de praia, corpo policial e de bombeiros. São divulgados telefones emergenciais de resgate ( (86) 9675-0665 – ligações podem ser feitas a cobrar) da Aquasis e orientações sobre como proceder, ajudar e prestar primeiros socorros aos animais encalhados vivos.
Essa é a terceira expedição de monitoramento e educação realizada este ano pelo projeto, que conta com o patrocínio do Programa Petrobras Socioambiental e apoio do Sesc/CE. Desde 2010, quando foram iniciadas as atividades de monitoramento, já foram realizadas mais de 20 viagens e resgatados mais de 250 mamíferos marinhos, principalmente golfinhos e filhotes da espécie Trichechus manatus, o peixe-boi marinho.
Segundo Ana Carolina Meirelles, bióloga doutora em Ciências Marinhas Tropicais e coordenadora do Projeto Manatí, “o processo de monitoramento da costa e estudo detalhado das carcaças é muito importante para a preservação dos mamíferos marinhos”, principalmente para o peixe-boi, espécie na qual o projeto é focado e pouco conhecida pela comunidade científica devido à sua difícil observação.
Através do registro das carcaças, a equipe do projeto pode extrair diversos dados biológicos, como hábitos alimentares, reprodutivos, áreas habitadas e principais causas de mortalidade dos animais encontrados. “A partir desse conhecimento vital é que podemos delinear ações para a conservação das espécies”, explica Meirelles.
Fonte: O Povo