O estado do Rio de Janeiro é o único lugar do mundo onde há o mico-leão-dourado. Sendo, 2,5 mil animais, eles estão distribuídos por oito municípios e vivem em ilhas verdes, isolados em grupos que não se comunicam.
A estrada federal da BR-101, é um dos maiores obstáculos para a livre circulação da espécie, o que restringe sua reprodução aos animais que vivem próximos, gerando pouca variabilidade genética. Com isso, um projeto desenvolvido na rodovia busca proteger o mico-leão-dourado e outras espécies ameaçadas de extinção.
Em 2020, foi mostrado pelo Jornal Nacional, que o primeiro viaduto coberto de vegetação estava sendo construído na rodovia federal. Também foram construídas outras 17 passagens subterrâneas e dez passarelas menores sobre as pistas, que ligam os dois lados da estrada – uma exigência do órgão ambiental para a concessionária que opera a rodovia.
“Esse corredor significa a continuidade do céu da floresta, permitindo que os animais que antes estavam separados possam agora cruzar entre si e aumentar a variabilidade genética da população desses indivíduos na paisagem”, explica Marcelo Gueireiro, coordenador de Meio Ambiente da Arteris Fluminense, ao Jornal Nacional.
O investimento, que custou cerca de R$ 50 milhões, vem mostrando bons resultados, pois alguns micos-leões-dourados já foram vistos fazendo essa travessia. Além disso, na mesma passarela, ainda foram filmados saguis, cuícas e ouriços-cacheiros.
“É possível ter rodovias, ferrovias, linhas de transmissão, as infraestruturas que são tão importantes. Mas é possível também que elas tenham preocupação com biodiversidade e, por isso, que essas estruturas são tão importantes para o planejamento futuro”, diz o secretário-executivo da Associação Mico-Leão-Dourado, Luís Paulo Ferraz.
Pouco mais de um ano e meio após o plantio das primeiras mudas e a construção do viaduto, a vegetação ainda não cresceu suficientemente para a segurança completa dos micos na travessia. Entretanto, da forma com que a estrutura está hoje, a movimentação de animais silvestres dos dois lados da BR 101 é intensa.
O local conta com a presença de diferentes espécies como o teiú, furão, cachorro-do-mato, paca, siriema, tatu e tamanduá. Porém, os benefícios não são apenas para os animais, mas também para os motoristas da estrada.
“A gente percebeu uma redução bastante substancial com relação a índices de atropelamentos de indivíduos da fauna local e índices de acidentes viários também. Então, a estrutura começa a se mostrar eficaz também para a segurança viária”, afirma o diretor de Operações da Arteris Fluminense, Álisson Freire.