Joel Robinson
Nada contra o projeto Reluz de Novo Hamburgo. No entanto, o que estão fazendo com as casas dos João-de-barro ( Furnarius rufus) que foram construídas sem ajuda do “minha casa minha vida” na troca das lâmpadas e seus suportes nos postes da rede elétrica.. Elas simplesmente vão abaixo, tendo ninho ou não.
Tenho visto dezenas de casas destruídas nas ruas e calçadas. Não vi até agora ninguém protestar, menos eu, e não recebi nenhuma resposta. Parece que os movimentos ditos ambientais estão preocupados em reformar o mundo, mas o que acontece na sua rua ou no seu bairro nem merece atenção. Se o João-de-barro não merece atenção, então nada vale em termos de ambientalismo ou ecologismo, tudo é mera ideologia.
“O João-de-barro é um passarinho de nada. Como deve ser brabo, para ele, o esforço de levar no bico, por dias a fio, pedacinhos de barro e pedacinhos de capim. Mas não afrouxa o tutano, ajeita daqui, ajeita dali, voa para cá, voa para lá, traz terra, não cansa, voa de novo, empurra com o biquinho os grãozinhos de terra, bate as asinhas doloridas de cansaço, se agiganta, vem a chuva ameaçando por tudo abaixo, ele remeça o que a chuva estragou, recomeça-a, vem o gavião voando para acabar com a vida dele, ele foge, quando gavião vai embora ele volta, segue em frente, traz mais barro, chega ao topo, dá os remates finais… E olha lá, num amanhecer de primavera, o rancho todo construído e ele piando de felicidade ao lado da companheira. E agora podem vir chuvas, que isto não tem mais importância. E pode vir o gavião de novo, que os filhos estão dormindo com toda a segurança numa caminha de penas. Que lindeza! Se o joão-de-barro, que é um passarinho fraquito, pode fazer tudo isso com seu biquinho de nada, por que não poderá um homem construir sua felicidade? Basta querer!