Desenvolver um programa de pesquisa que permita monitorar a população portuguesa de lobos, os fatores atuantes sobre ela e a evolução da situação na região transfronteiriça do centro de Portugal – que tem as condições necessárias à preservação -, é um dos objetivos do projeto “Conservar o Lobo em Portugal – Da teoria à prática”, que acaba de ganhar o Prêmio BES Biodiversidade 2010, no valor de €75 mil.
Liderado por Francisco Fonseca, pesquisador do Centro de Biologia Animal da mesma Faculdade de Ciências, o programa promove a utilização de raças nacionais de cães de gado e de vedações elétricas como forma de reduzir esses prejuízos e tem sido referenciado a nível internacional como um caso de sucesso. Assim, já foram colocados 220 cães das raças Castro Laboreiro e Serra da Estrela de pelo curto – também ameaçadas de extinção -, tendo resultado numa diminuição dos prejuízos em cerca de 74% dos casos.
Quanto ao programa de educação ambiental, foi lançado o Pacote Pedagógico sobre o Lobo (Wolf Kit), que pretende sensibilizar os alunos do 2º e 3º ciclos do ensino básico para a problemática da conservação do lobo ibérico, assim como constituir uma ferramenta auxiliar para o ensino e aprendizagem dos temas associados à biodiversidade, em especial às espécies ameaçadas.
“É muito gratificante ver o meu trabalho e o do Grupo Lobo, que tem 25 anos de existência, ser reconhecido por este prêmio, que nos vai abrir novas perspectivas na proteção do lobo ibérico”, afirmou Francisco Fonseca. O pesquisador acrescentou que “os projetos já desenvolvidos permitiram estancar a regressão da espécie em Portugal”.
Calcula-se que sobrevivam na Península Ibérica cerca de 2 mil lobos, dos quais 300 em Portugal. O declínio já era visível no início do século passado e os estudos até agora realizados indicam que a população continua em declínio, estando confinada a algumas regiões do Norte e Centro do país, especificamente junto à fronteira com Espanha.
As causas deste declínio estão relacionadas com a perseguição direta movida por caçadores e pastores e com o extermínio de suas presas selvagens como o veado e o corço. Certas práticas agrícolas e florestais também têm ajudado, porque provocam a fragmentação e a destruição dos seus habitats.
Fonte: Expresso