Um novo projeto de lei em Nova York, nos Estados Unidos, pode ampliar a proteção aos animais, proibindo a comercialização de aves em pet shops. A proposta, apoiada por ativistas e vereadores, foi criada menos de um ano após a cidade banir a venda de cães, gatos e coelhos, e visa combater a crueldade de criadouros industriais que mantêm pássaros em condições desumanas.
Aves como papagaios, periquitos e araras são animais inteligentes e sensíveis, capazes de sofrer profundamente quando confinados em espaços mínimos. Elas são retiradas de seus habitats naturais ou reproduzidas em massa em criadouros superlotados, onde enfrentam estresse, automutilação e, muitas vezes, morte prematura.
“Aves não são objetos decorativos ou brinquedos, são seres sencientes que merecem viver com dignidade”, afirma Allie Feldman Taylor, da Voters For Animal Rights, uma das organizações que lideram a campanha pelo projeto. “Ninguém deveria lucrar com o sofrimento de animais enjaulados em apartamentos minúsculos.”
Se aprovada, a lei colocará Nova York na vanguarda da proteção animal, seguindo o exemplo de outras cidades que já restringiram o comércio de animais em lojas. John Di Leonardo, da Humane Long Island, ressalta que a indústria de aves domésticas é ainda mais cruel do que a de cães e gatos, com milhares de animais amontoados em gaiolas sem estímulos naturais.
“Enquanto os canis de criação já são amplamente condenados, muitas pessoas ainda não veem o horror por trás do comércio de aves”, diz Di Leonardo. “Esses animais passam a vida em cativeiro, gritando de estresse e desenvolvendo comportamentos autodestrutivos.”
Megan Walton, do santuário Pigeons for Miles, alerta que muitos tutores abandonam as aves quando percebem que não podem atender às suas complexas necessidades. “Santuários já estão lotados de animais resgatados, muitos traumatizados por anos de confinamento”, explica.
O projeto também incentiva um modelo mais ético de negócios, permitindo que pet shops se reinventem, oferecendo serviços como adoção responsável de cães e gatos ou produtos sustentáveis, em vez de lucrar com a venda de animais.
A proibição é um passo importante para desnormalizar o tratamento de animais como mercadorias. “Assim como circos evoluíram para formatos sem animais, os pet shops também precisam se adaptar”, reforça Di Leonardo. “Não há justificativa ética para manter um sistema que prioriza lucro sobre o bem-estar de seres sencientes.”