Jacaré-do-papo-amarelo, uma das espécies mais emblemáticas da Mata Atlântica e da biodiversidade, é também muito comum no Espírito Santo, porém ameaçada de extinção em todo o país. Pensando em preservar esses animais tão importantes para o equilíbrio do ecossistema, o Instituto Marcos Daniel desenvolveu o Projeto Caiman, que tem como objetivo a preservação e conservação da espécie e consequentemente do seu habitat, a Mata Atlântica.
Criado no início de 2015, o Projeto Caiman atua apenas no Espírito Santo, mais especificamente na Grande Vitória, e expandindo agora para a região norte do Estado. Uma das áreas de estudo do Caiman é a ArcelorMittal Tubarão, na área chamada de “santuário dos jacarés”, que comporta uma população de mais de 200 jacarés-do-papo-amarelo. Segundo Yhuri Nóbrega, coordenador do Projeto Caiman – Jacarés da Mata Atlântica, este é considerado um bom lugar para os animais. “Lá, além dos lagos, a área possui segurança, o que inibi a caça clandestina e permite que os mesmos sejam cuidados e monitorados pelos pesquisadores do projeto” contou.
Monitorá-los faz parte da preservação da espécie, pois há um processo chamado censo populacional que permite quantificar os jacarés a partir de diferentes metodologias. Uma das formas de contagem é através da captura feita pelos profissionais do projeto, em que o animal passa por uma avaliação de saúde. Neste momento são pesados, medidos e depois tem implantado sob a pele, um microchip com todas as informações individuais e dados colhidos até então. Este procedimento possibilita que os pesquisadores acompanhem o animal e, por meio de análises futuras, reconheça-o e identifique as variações e mudanças no peso, tamanho, dentre outras características dos jacarés. Além de acrescentá-los à contagem.
A atuação do projeto acontece de várias formas, desde o trabalho com o animal e seu habitat, até a conscientização da população, apresentando-lhes o jacaré em sua essência, já que muitas pessoas têm apenas uma imagem negativa do animal.
A espécie hoje é ameaçada de extinção e chegou a este nível devido a uma série de atividades impostas pelos humanos sobre a população dos jacarés, sendo elas a caça, a degradação e perda de habitat e as doenças. O que muitas pessoas não sabem é que essas ameaças não afetam somente a espécie, mas também nós, seres humanos. Yhuri deu o exemplo da caça, considerada pelo Caiman como um problema muito sério. “Primeiro por causa da perda genética, já que os animais são capturados e mortos. Segundo porque é considerado um crime ambiental. E terceiro por colocar em risco em risco a saúde pública, já que o animal, quando caçado clandestinamente para consumo, não passa por nenhuma inspeção sanitária. Assim, acaba expondo quem consome a carne, pois os jacarés podem conter bactérias que transmitem doenças para a população humana”, explicou o coordenador.
Atuação
Mesmo tendo como área de atuação apenas o estado capixaba, o projeto utiliza pesquisas de outros cantos do país para ajudar no desenvolvimento, o que tem possibilitado resultados muito positivos. Hoje o Caiman é referência em projeto de conservação no Brasil e tem buscado diferentes maneiras para mudar a realidade da preservação da biodiversidade, como entender e compreender os impactos ligados diretamente a este conjunto.
Aliados a isso, o projeto Caiman promove atividades para reforçar a importância da conservação tanto do jacaré quanto da Mata Atlântica. Trabalham com a formação de jovens pesquisadores, tendo 13 novos entre 2015 e 2016, e com um trabalho de educação e sensibilização ambiental para a sociedade capixaba, que é realizado a partir de palestras educativas, de participação em eventos científicos em estados brasileiros e de postagens no facebook.
Por ser acompanhado por pessoas de trinta países diferentes, o Caiman faz postagens constantes e bilíngues, buscando cada vez mais a interação com o público. Nas postagens constam a agenda do projeto com a data das novas atividades a serem realizadas, resultado de trabalhos já feitos, sorteio de brindes, como camisas do Caiman e informações sobre os integrantes dessa equipe. Tão importante quanto e que não poderia faltar, o projeto faz postagens trazendo fotos, dados e inúmeras curiosidades sobre o jacaré-do-papo-amarelo, este que é símbolo da biodiversidade capixaba.
Fonte: Folha Vitória