Um argumento muito comum utilizado contra o veganismo é esse; ”mas se o mundo virar vegano da noite para o dia, animais vão invadir a cidade, vão invadir casas, não vai ter espaço para tantos animais livres”.
Até faz sentido se levarmos em consideração que só no Brasil tem 224,6 milhões de cabeças animais explorados para consumo, quase 1 boi por pessoa. Porém, uma mudança e uma vida digna para os animais e para os seres humanos leva tempo, mudanças pequenas e ao longo de décadas, são pequenas conquistas, novas vozes, novas possibilidades.
Essa ideia de que os animais vão invadir casas, que se o mundo todo virasse vegano da noite para o dia tudo seria um caos, é completamente fantasiosa. A mudança é gradual, isso significa que ao passo que as pessoas vão tomando consciência sobre a exploração animal, o consumo vai diminuindo e, consequentemente, a comercialização e a criação de animais em larga escala também.
Para haver essa mudança é necessário que se mude a cultura do consumo de animais e hábitos que estão intrinsecamente ligados à exploração animal. Atualmente a nossa cultura é dependente de pedaços e derivados de animais, a maioria da população enxerga um pedaço de carne como um prêmio, e mudar isso é complexo.
Não se muda uma cultura, uma tradição da noite para o dia, mesmo que haja uma força política, comercial, leva tempo. A tradição e os costumes estão impregnados em cada um que compartilha uma existência social, por isso, é praticamente impossível remover isso da noite para o dia.
Tudo precisa ser pensado, comunicado, opções acessíveis precisam estar disponibilizadas, considerando a desigualdade social e regiões extremas. Mesmo a alimentação vegana, baseada essencialmente em vegetais, grãos, cereais e frutas, sendo super acessível, existe muita questão para além de uma simples mudança.
Além disso, se tiver um apoio governamental, subsídio na produção, no transporte e na comercialização pode ser ainda mais acessível.
O processo para implementar uma lei, por exemplo, leva tempo, até as pessoas entenderem que não se deve fumar em local fechado, e isso estar instalado na sociedade de forma natural leva décadas. Muitas pessoas que passaram a vida fumando em aviões, carro fechado, ônibus, entre outros espaços comuns sem ventilação, não entendem até hoje.
Ninguém acredita que o mundo vai mudar da noite para o dia, a maioria que luta por direitos iguais, por justiça social, climática e pelo direitos dos animais entende que a mudança é gradual e lenta, ainda mais porque é uma mudança feita contra um sistema preestabelecido, enraizado, e respaldado pela cultura.
É comum olhar para o mundo e pensar ”isso nunca vai mudar”, pode não ser da noite para o dia, e não vai ser, mas com certeza está mudando, e mesmo que a passos lentos, existe uma mudança acontecendo.
No sistema em que estamos inseridos a realidade é como ele opera, e não como gostaríamos que ele fosse, porém, não somos obrigados a aceitar a lógica capitalista e baixar a guarda, se entregar e viver como se não houvesse outra alternativa. As mudanças existem, o mundo era muito mais cruel há 500 anos, apesar de pouca coisa ter mudado, já está melhor do que foi.
Se liga:
Aqui estamos falando de pessoas em situação de fome, que não tem um real para comprar comida e se vê privado de se alimentar com o básico.
Caso você tenha uma situação que garanta a sua subsistência, e consegue compreender as questões que envolvem a produção e o consumo de carne, leite, ovos e derivados, não se acomode ou pense que isso nunca vai mudar, faça alguma coisa!
Evite consumir como uma forma de resposta a toda essa atrocidade que envolve criar, explorar e matar animais. Se você não concorda com essa indústria, se movimente, temos uma oportunidade apenas, a vida é única, e se os outros não fazem, não importa, você pode fazer.
Fonte: Terra