Por Rafaela Pietra (da Redação)
Quem assistiu a edição do programa Bem Estar, da Rede Globo, no último dia três, foi informado sobre como se proteger de doenças como a malária, a doença de chagas e a leishmaniose. O problema foi que, ao citar a leishmaniose viceral, conhecida como calazar e transmitida pelo mosquito palha, ou birigui, e que tem como vítimas cães e seres humanos, a reportagem defendeu a chamada eutanásia dos animais infectados com a doença, prática defendida pelo Ministério da Saúde, mas já condenada por diversos profissionais veterinários de todo o país.
O direito do tratamento é uma conquista e deve ser mais uma das bandeiras levantadas por todos os militantes da causa animal, como no caso do cão Scooby. O Brasil é o único país no mundo que adota a matança como forma de controle e a conscientização e o tratamento devem ser as principais armas contra a doença. Precisamos banir a cruel prática de assassinar animais inocentes e muitas vezes sadios em nome de uma suposta tentativa de garantir a saúde de pessoas.
Os testes para detecção da doença são falhos e segundo levantamento, metade do exames feitos em cães dá falso positivo, o que significa que metade é condenada capitalmente sem sequer ter a doença. Os animais vítimas da leishmaniose quando tratados são portadores e não transmissores. A redução da carga parasitária passa a funcionar como estímulo imunogênico e o animal tem muito baixa capacidade de transmitir a doença, assim como as pessoas. O foco de combate da leishmaniose deve ser o mosquito transmissor, através de saneamento básico, educação da população e limpeza. Empresas jornalisticas como a Rede Globo de Televisão tem um compromisso sério de transmitir um verdadeiro serviço público, informando a população sobre todos os lados de uma verdadeira história.
Ainda sim, o Conselho Federal de Medicina Veterinária e alguns Conselhos Regionais continuam defendendo a matança, sob alegação de cumprimento da lei, quando o mundo inteiro já realiza o tratamento de animais infectados.
O tratamento da leishmaniose visceral canina não é proibido, mas o uso de medicamentos da linha humana sim. Essa proibição está sendo questionada judicialmente e o caso do cão Scooby, que conquistou o direito de ser tratado e não assassinado pelo CCZ de Campo Grande (MS), já é uma grande vitória para a causa.
A Constituição Federal brasileira garante que o tutor não é obrigado a entregar seu cão para a morte, pois o animal é sua tutela. Se isto acontecer contra a vontade do tutor, o órgão que matou o animal poderá ser acionado judicialmente. Informe-se sobre a leishmaniose e trate seu animal, pois buscar o tratamento é um direito de todos nós, animais humanos e não-humanos.
Além disso, é um dever do jornalismo brasileiro informar tutores de todo o país sobre seus direitos. Nunca o contrário.
Nota da Redação: Tutor, informe-se sobre a leishmaniose e trate seu animal, pois buscar o tratamento é um direito de todos nós, animais humanos e não-humanos. Você pode assistir o discurso de Silvana Andrade, em Seminário da ALESP, falando sobre o problema da leishmaniose no Brasil aqui. Leia também Leishmaniose: o cão não é o vilão e conheça seus direitos legais para proteger seus cães da eutanásia aqui.