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Programa de reprodução ousado refrigera sapos raros para salvar espécie

11 de março de 2010
2 min. de leitura
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Por Marcela Couto ( da Redação)

Alguns animais preferem ambientes quentes, mas este com certeza não é o caso da raríssima espécie de sapo Rana muscosa.

Foto: Ken Bohn / San Diego Zoo / March 3

Os anfíbios com cerca de 7 cm de comprimento preferem ambientes muito gelados para seguirem seu ciclo de vida. Por isso os conservacionistas resolveram abrigar duas dúzias da espécie quase extinta em refrigeradores.

A iniciativa representa um dos planos mais ambiciosos de reintrodução da vida selvagem já feitos.

Se for bem-sucedido, o experimento produzirá mais de 6 mil girinos no próximo mês – e todos serão realocados em um rio próximo às montanhas de San Jacinto, um local que a espécie não habita há mais de dez anos.

Os cientistas acreditam que muitos desses girinos irão se desenvolver e novas gerações surgirão na selva, criando condições para que a população de Rana muscosa se recupere na Califórnia.

Os sapos Rana muscosa, conhecidos como “sapos das longas pernas amarelas”, viveram por milhares de anos em abundância nas montanhas de San Bernardino, San Gabriel e San Jacinto.

Desde 1960, a espécie foi dizimada por diversas ameaças da região: incêndios, desmoronamentos, pesticidas, infecções por fungos, perda de habitat como resultado do desenvolvimento e o apetite voraz de espécies não nativas de trutas, camarões e outros sapos predadores.

Hoje, menos de 200 indivíduos estão distribuídos em nove populações isoladas, fazendo do Rana muscosa um dos anfíbios mais ameaçados do planeta.

Em seu habitat natural, os sapos permanecem nos rios congelados e emergem na primavera, quando a neve derrete.

A fecundação é externa e os girinos nascem três semanas depois, mas apenas de 3% a 5% conseguem sobreviver e chegar até a idade adulta.

No laboratório do Instituto de Pesquisas Conservacionistas, o desafio é ter milhares de girinos de 2 milímetros que precisam de mudanças específicas nas condições da água e refeições de alface congelada e comida de peixe todos os dias.

O programa de recuperação foi o primeiro a reproduzir o Rana muscosa em cativeiro. Hoje são 61 sapos adultos, incluindo as 16 fêmeas que estão nos refrigeradores com cerca de 300 ovos cada uma.

Todos os girinos produzidos serão libertados em locais livres de predadores, para garantir sua sobrevivência.

Ao mesmo tempo em que surgem novos programas para recuperação de anfíbios, o governo está desenvolvendo medidas para reduzir os efeitos da atividade humana no habitat do Rana muscosa.

“Há alguns anos, não havia qualquer programa de reprodução em cativeiro para estes sapos”, disse Frank Santana, pesquisador do Instituto. “Agora, esperamos restabelecer as populações com nossas táticas de reprodução do habitat e ciclo de vida em laboratório. Para estes sapos, a ordem é hibernar, renascer no degelo da primavera e produzir muitos girinos.”

Com informações de Los Angeles Times

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