Uma nova descoberta reforça o alcance dos achados “químicos eternos” na natureza e os coloca junto com os microplásticos como as substâncias criadas pelo homem mais disseminadas no meio ambiente, algo com efeitos ainda não totalmente mensuráveis.

No caso das orcas que habitam o litoral da Columbia Britânica, no Canadá, a contaminação por 4-nonilfenol, ou 4NP, foi detectada no organismo dos animais examinados em níveis considerados altos. Alguns dos efeitos possíveis são danos à cognição e alterações hormonais que deixariam os cetáceos mais suscetíveis a doenças.

Por serem predadores do topo da cadeia alimentar, as orcas entram em contato com os químicos eternos ao se alimentarem de outros animais menores, que por sua vez teriam ingerido essas substâncias sintéticas, segundo o jornal The Guardian.

O 4NP é usado no processamento de celulose e papel, inclusive papel higiênico, mas também é encontrado em sabão, detergentes e processamento têxtil. Essas substâncias entram nos mares de duas formas: no esgoto, mesmo que tratado, e também em rejeitos industriais jogados em rios, que chegam ao oceano.

Assim como os microplásticos, os químicos eternos são transmissíveis de mãe para filho. No caso das orcas, os cientistas afirmam que até 95% do 4NP presente nos filhotes de orca havia sido transmitido pelas mães.

“Esta pesquisa é um alerta. Os residentes do sul são uma população ameaçada e pode ser que os contaminantes estejam contribuindo para o declínio de sua população. Mal podemos esperar para proteger esta espécie”, disse o coautor, Juan José Alava, em um comunicado à imprensa da Universidade da Columbia Britânica.

Fonte: Um Só Planeta