A principal instituição sul-coreana de direitos animais, Coexistence of Animal Rights on Earth (CARE), foi acusada de matar centenas de cães sob seus cuidados, a fim de abrir espaço para mais animais e garantir um fluxo constante de doações.
As acusações vêm de funcionários da própria instituição, que disseram que a diretora da CARE, Park So-yeon, ordenou a morte de mais de 230 cachorros, cerca de um quarto dos animais resgatados pelo grupo.
A instituição tem uma política declarada de “não matar” para os animais que abriga, muitos deles resgatados de fazendas de carne de cachorro do país. A CARE é famosa por liderar campanhas para acabar com a prática de comer carne de cachorro na Coreia do Sul, arrecadando cerca de 2 bilhões de wons, cerca de 6 milhões de reais, em doações todos os anos para salvar cães de fazendas de carne em todo o país.
Falando ao jornal The Hankyoreh, a equipe disse que cerca de 10% dos cães sofrem de doenças incuráveis e a maioria foi morta porque os animais eram “grandes demais para serem mantidos confortavelmente no espaço disponível”. Depois da matança, os animais foram listados como tendo sido adotados.
O atual presidente da Coréia do Sul, Moon Jae-in, que ama os animais e cuida de vários cães, adotou um dos cachorros da CARE quando assumiu o governo do país em 2017.
A organização fez numerosos apelos para arrecadar fundos para fazer mais resgates, e nessas campanhas sempre afirmou que a equipe não mata nenhum animal resgatado pelo grupo.
Em um comunicado, Park disse que um “pequeno número” de extermínios foi “inevitável” desde 2015 devido a um “aumento nos pedidos de resgate”.
Ela disse que geralmente “apenas” cães agressivos ou com doenças terminais seriam mortos, e que isso só aconteceria depois que tentativas significativas de curá-los tivessem se provado ineficazes.
Os membros da equipe da CARE fizeram um protesto nos escritórios da instituição no fim de semana (12 e 13), exigindo a renúncia da diretora.
Embora ainda haja cerca de 3 mil fazendas de cães em toda a Coreia do Sul, o consumo de carne de cachorro está diminuindo rapidamente. De acordo com uma pesquisa de 2017, apenas 30% dos sul-coreanos comem carne de cachorro. Mas a mesma pesquisa revelou que 40% da população acredita que a prática deveria ser proibida.