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SITUAÇÃO CRÍTICA

Primeiros animais vítimas dos incêndios no Pantanal começam a aparecer

Herpetofauna, ou seja, répteis e anfíbios, é o grupo mais afetado no início do fogo.

24 de junho de 2024
Isabella Baroni
3 min. de leitura
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Jacaré carbonizado no Pantanal neste mês – Foto: Gustavo Figueirôa/SOS Pantanal

Os primeiros animais silvestres vítimas dos incêndios no Pantanal, na atual temporada de estiagem, já começam a aparecer. A chamada herpetofauna, ou seja, os répteis e os anfíbios, é o grupo que inicialmente é impactado pela ação do fogo.

“Répteis e anfíbios morrem primeiro, por terem um deslocamento mais lento e não conseguirem fugir a tempo do fogo. Eles geralmente são base de alimento para outros grupos animais, como aves de rapina e grandes mamíferos”, disse o diretor de comunicação do Instituto SOS Pantanal, Gustavo Figueirôa.

Desde o início do mês, o Pantanal vem enfrentado incêndios que tomam proporções cada dia maiores. O município com mais focos de incêndio é Corumbá (MS), de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Do dia 4 até hoje, foram registrados 1.790 focos no município, o que corresponde a 87,9% do total no bioma Pantanal.

Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (Gretap-MS) está percorrendo as áreas queimadas desde o dia 19 em busca de animais que precisem ser resgatados. A equipe é composta por biólogos e veterinários e iniciou a atuação em duas frentes de trabalho: uma na região do Paraguai Mirim e outra nos arredores do município de Corumbá.

Para a coordenadora do Gretap-MS, Paula Helena Santa Rita, o número de animais atingidos diretamente pelo fogo este ano ainda tem sido menor que em 2020, período em que estimnou-se a morte de mais de 17 milhões de vertebrados. “A incidência de fogo em junho confirma o que as previsões já apontavam. Então, neste momento, os animais ainda estão conseguindo se deslocar, seja pelos aceiros que já foram preparados seja em busca de água. Provavelmente começaremos a encontrar animais com problemas em relação à inalação de fumaça, ingestão de cinzas e queimaduras”, completou.

“O fogo é muito recente, ainda não houve necessidade de resgate. Os animais começarão a sentir os efeitos e consequente falta de alimento daqui um tempo”, explicou o biólogo do Instituto Homem Pantaneiro (IHP) e voluntário do Gretap-MS, Sérgio Barreto.

Paula também teme pela disseminação de doenças que podem ocorrer quando a fauna silvestre passa a ter contato com animais de criação. “Tanto os animais silvestres quanto os de criação vão ficando com área reduzida e começam a se deslocar em busca de água. A proximidade entre eles pode gerar um aumento de doenças”.

Alguns moradores das regiões impactadas, que acompanham e até mesmo atuam no combate aos incêndios nas linhas de fogo, já encontraram corpos carbonizados de capivara, jacaré, cobras, aves, além de outros animais que não conseguiram identificar.

Moradores começam a sentir os impactos dos incêndios

Além da fumaça e fuligem que encobrem Corumbá e afastam turistas da região, moradores que vivem da pesca relatam que os peixes estão morrendo devido aos baixos níveis de água à queda de oxigenação, consequência dos incêndios.

“Tem muita baía secando, que são locais que os peixes utilizam como berçário. Vai sobrando apenas lama. Em breve, vamos ver muitos peixes morrendo. Eles ficam na superfície tentando respirar e morrem”, contou o morador Amilton Álvaro Brandão, que tem um rancho a 40 km do centro de Corumbá.

Outros moradores contam que a extensão do fogo está muito grande e as brigadas que estão atuando no local sofrem com a escassez de equipamentos apropriados. “Havia um avião auxiliando no combate às chamas, mas ele está parado para manutenção há quatro dias”, contou um munícipe. No final de semana, alguns aviões e helicópteros do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul e do Ibama/Prevfogo chegaram na tentativa de diminuir os focos.

Fonte: Fauna News

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