Yorkshire tornou-se a 2a região da Inglaterra a declarar situação de seca, após o país registrar a primavera mais seca em 132 anos. Os reservatórios locais estão em 62% da capacidade – bem abaixo da média histórica de 86% para o período. Autoridades alertam que restrições ao uso de água, como a proibição do emprego de mangueiras, podem ser necessárias caso não ocorram chuvas significativas nas próximas semanas.
A crise hídrica já atinge também o noroeste da Inglaterra, onde os reservatórios caíram para metade da capacidade. Grande parte do país se encontra em estado de “seca prolongada”, estágio prévio à seca extrema. Dados meteorológicos revelam que Yorkshire teve sua primavera mais quente desde 1884, com previsão de um verão ainda mais seco e quente que o normal.
Os impactos da estiagem já são visíveis: incêndios florestais atingiram áreas como Marsden Moor e Rishworth Moor, agricultores reportam perdas nas safras, e a navegação em rios e canais está comprometida. O Canal & River Trust impôs restrições em diversas vias navegáveis, incluindo o importante canal de Leeds e Liverpool, para preservar os recursos hídricos remanescentes.
Autoridades ambientais destacam que as chuvas esparsas de junho não foram suficientes para reverter a situação. “Tivemos 22 dias praticamente sem chuva em maio”, afirmou Claire Barrow, da Agência Ambiental, ressaltando a necessidade de medidas urgentes. A Yorkshire Water já está implementando seu plano de contingência para secas, enquanto a população é orientada a adotar medidas de economia de água.
“O anúncio da seca em Yorkshire ocorre apenas algumas semanas após partes do noroeste da Inglaterra declararem situação de seca. Uma primavera anormalmente seca, a mais árida em quase 90 anos, fez com que muitos reservatórios atingissem apenas 60-65% de sua capacidade, bem abaixo da média de 80-85% para este período do ano”, explicou Jess Neumann, professora associada de hidrologia da Universidade de Reading ao Independent.
Especialistas vinculam a crise atual às mudanças climáticas, que tornam os padrões de chuva cada vez mais imprevisíveis. Embora o governo tenha aprovado a construção de dois novos reservatórios – os primeiros em 30 anos – analistas alertam que apenas chuvas excepcionais, como as de 2012 que provocaram inundações, poderiam reverter o quadro atual. No entanto, as previsões indicam persistência do tempo seco, agravando a situação nos próximos meses. O Guardian lembra que a seca histórica ocorre em um contexto de altas globais de temperatura, com o último mês de maio tendo sido considerado o segundo mais quente da história, de acordo com o observatório Copernicus.
Fonte: ClimaInfo