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MATA ATLÂNTICA

Primavera mais seca e quente no Rio de Janeiro pode atrasar floração de plantas e hábitos de animais?

Izar Aximoff, biólogo e doutor pelo Jardim Botânico, explica quais são os impactos da mudança climática na estação que prevê estiagem prolongada

23 de setembro de 2024
Jéssica Marques
4 min. de leitura
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Foto: Domingos Peixoto/Agência O Globo

As mudanças climáticas alteraram drasticamente os ciclos naturais da Mata Atlântica, bioma que representa 17% da cobertura florestal do estado do Rio. E de acordo com especialistas, o florescimento das plantas, geralmente desencadeado pela transição entre o clima seco e úmido da primavera, já está sendo afetado pelas variações climáticas extremas como as experimentadas no Rio nos últimos meses. Segundo o meteorologista César Soares, da Climatempo, a chegada de uma “primavera atípica” trará para o estado a predominância do calor. As chuvas devem ficar abaixo do esperado, o que preocupa quanto ao abastecimento de água, devido à estiagem, e à continuidade das queimadas, já que a vegetação seca e a baixa umidade do ar favorecem a propagação de incêndios.

O biólogo e doutor pelo Jardim Botânico, Izar Aximoff, explica que a maioria das espécies da Mata Atlântica costumam florescer com o início das chuvas na primavera e no verão, períodos de maior abundância de recursos naturais para a fauna. Entretanto, a variação indica que este ano haverá uma mudança brusca habitual para o período chuvoso. Segundo o especialista, estiagem vai ocasionar um atraso da floração de várias espécies e menos recursos disponíveis para fauna, além de um período menor de floração.

— Muitas espécies da mata atlântica, que é o nosso bioma, deixam para florescer na primavera por ser uma estação com maior concentração de chuva. No entanto, a poluição e queimadas estão ocasionando mudanças do clima e teremos uma primavera não habitual com período de seca prolongada — explica o botânico.

Esse atraso no ciclo das chuvas, além de afetar diretamente o florescimento de árvores e vegetação, impacta também na produção de frutos e leguminosas.

— O atraso na contribuição de chuvas traz consequências não apenas para a fauna, mas também para a flora. Além disso, a floresta, em tempos de seca prolongada, pode perder parte de sua beleza, e ter uma menor produção de oxigênio que pode afetar a qualidade do ar, intensificando a sensação de calor — completou Izar.

Calor predominante

As massas de ar frio, que ainda causam quedas momentâneas de temperatura, não têm mais permanência prolongada. O carioca, que viu o inverno confortável e dias de praia, pode esperar uma primavera com ainda mais quente, de acordo com meteorologistas.

A previsão é que estação seja marcada por temperaturas acima da média normal, com picos de dois a três graus superiores, variando entre 25 °C e 28 °C. Mesmo as madrugadas não serão tão frias, e as tardes nubladas devem dar lugar ao predomínio do calor.

No Rio, as chuvas serão abaixo do esperado para a estação. Situação que preocupa autoridades quanto ao abastecimento de água e ao risco da continuidade de queimadas em áreas de vegetação seca.

— A fumaça das queimadas continuará a ser um problema ao longo da estação, especialmente com a ausência de ventos e frentes frias suficientes para dissipá-la. O clima quente persistirá até o final de outubro, com temperaturas médias próximas dos 27 °C, e, em novembro, a previsão é de máximas que podem chegar aos 29 °C — afirmou o meteorologista da Climatempo, César Soares.

Fonte: O Globo

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