Ricardo Izar afirma ser possível no decorrer da investigação sobre maus-tratos contra animais também abordar questões que são tabu para bancada ruralista no Congresso
Além dos fatos determinados que deram origem na Câmara dos Deputados à CPI que investigará maus-tratos contra animais, o presidente da comissão acredita que poderá investigar também rodeios e abates. Ricardo Izar (PSD-SP) admite que esses temas são delicados, verdadeiros tabus dentro do Congresso Nacional, mas que deverão ser abordados pela CPI.
“Vai dar tempo de tratar dos cinco fatos determinantes [para abertura da CPI] e já aprovamos requerimentos que dizem respeito a rodeio, a vaquejada e a mortes desses animais. A morte mesmo será um tema muito abordado justamente por um fato determinante que é a questão do assassinato dos jumentos em Apodi [no Rio Grande do Norte], isso vai ter de vir à tona”, diz Izar em referência ao município potiguar em que um promotor sugeriu o abate de jumentos abandonados para que a carne fosse servida a presidiários.
Izar tem uma estratégia para abordar temas como rodeio e morte sem prejudicar a investigação dos fatos determinados da CPI. “O que a gente não pode é colocar como primeiro item da pauta a questão do rodeio e da vaquejada porque a gente sabe que é o assunto mais emblemático. Então a gente vai interromper o trabalho da CPI e ficar num debate entre bancada ruralista e ambientalista e não vamos sair do lugar. Não quero isso para a CPI.”
Assista a entrevista de Ricardo Izar:
“Quero deixar esse tema mais para frente, mas a gente poder tratar dos outros assuntos primeiro”, explica. O parlamentar acredita poder contar com o apoio dos ruralistas em outros temas relacionados aos animais. “Tem muitos temas que conseguimos convergir esforços tanto da bancada ruralista quanto ambientalista. Vamos deixar o que é divergência mais para o final”, diz.
Izar lembra o episódio em que adotou os ratos soltos durante uma sessão da CPI da Petrobras, num gesto que foi elogiado por uns e criticado por outros, que o acusaram na época de oportunismo. O deputado diz um deles está com a assessora do dele, outro ficou com o deputado Laudívio Carvalho (PMDB-MG), vice-presidente da CPI, um acabou adotado por uma segurança da Câmara e um ainda foi enviado para um instituição de alunos especiais.
“Aquilo foi mais instinto, não foi uma questão de querer aparecer, mas crítica você sempre vai receber. Se eu não entrasse lá e tirasse os ratinhos ia receber críticas assim: ‘ah, o Ricardo Izar é presidente da frente parlamentar em defesa dos animais e não retirou os bichinhos’. Se a gente retira vão dizer que é porque estamos querendo aparecer, é normal. Mas eles estão bem. Estão bem melhores do que estavam na CPI”, brinca o deputado.
Fonte: Último Segundo