Presidente da Associação Catarinense de Proteção aos Animais, a mais antiga do Estado fundada em 1980, Daniel Ribeiro era um dos manifestantes mais informados sobre o uso de cobaias em pesquisa no protesto desta sexta-feira (25), na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ele alega que a posição de que não existe alternativa aos testes em animais é muito confortável e leva ao não investimento em novas alternativas.
É possível manter o avanço da ciência sem testes em animais?
Daniel Ribeiro: Vários cientistas ao redor do mundo questionam o uso de animais. Não é coisa de agora, mas de décadas, porque o modelo animal não garante saúde humana. As pesquisas em HIV usam primatas, só que do ponto de vista estatístico eles são mais resistentes ao vírus. O maior avanço surgiu com testes em pacientes terminais.
A alternativa é testar em humanos?
Daniel: Assim como os humanos não querem ser submetidos a dor lutamos por tratamento igual. E o discurso de que o modelo animal é um mal necessário faz que não seja investido em novas maneiras e é muito confortável a quem pensa assim.
Deixar de testar em animais não torna os estudos menos confiáveis?
Daniel: De qualquer modo precisa passar em testes humanos. E no ano passado a Declaração de Cambridge mostrou que somente 6% dos animais usados resultam em avanço na ciência para saúde humana.
Mas então por que os órgãos que autorizam a venda de remédios exigem antes testes em animais?
Daniel: Fazem desta maneira porque sempre foi assim. A vivissecção é registrada há 300 anos na literatura.
Fonte: Diário Catarinense