O cenário, em 1990, era o seguinte: havia no arquipélago de Fernando de Noronha (PE) uma alta frequência de golfinhos-rotadores, a falta de conhecimento sobre esses animais e, de quebra, a eminência do crescimento desordenado do turismo náutico. Em função deste cenário, foi criado, em 26 de março daquele ano, o Projeto Golfinho-Rotador.
Hoje, diz José Martins, analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o projeto já conseguiu atingir o mínimo necessário para ser um programa de conservação da natureza, pois desenvolve, entre outras coisas, “atividades de pesquisa científica, orientação à visitação, criação de legislação específica, fiscalização ao cumprimento da legislação, educação ambiental e envolvimento comunitário”, lista.
O Projeto Golfinho Rotador é coordenado pelo Centro de Mamíferos Aquáticos (CMA), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Para marcar os 20 anos de sua criação será inaugurada a sede do Centro Golfinho Rotador, na ilha de Fernando de Noronha, em Pernambuco. Além disso, haverá lançamento de livro, exposição fotográfica e show musical. O evento tem o objetivo de destacar os resultados do projeto, que não são poucos.
Segundo Martins, há os resultados econômicos, com divulgação e estímulo ao turismo de observação de golfinhos em Noronha: os estruturais, com o aumento do grau de informação sobre golfinhos por parte dos condutores de visitantes. Os educativos, com o aumento da consciência dos ilhéus e visitantes quanto à necessidade de se preservar os animais. Os conservacionistas, com a fiscalização e criação de normas de preservação dos cetáceos e do próprio ecossistema da ilha, que define regras para evitar o molestamento dos golfinhos-rotadores em Fernando de Noronha.
Sem contar, é claro, com os científicos, com a descrição para a espécie Stenella longirostris dos comportamentos de descanso, reprodução, guarda e amamentação em ambiente natural, a definição de parâmetros ambientais com a presença de golfinhos na Baía; a quantificação e qualificação da taxa de ocupação da Baía dos Golfinhos pelos rotadores ao longo desses 20 anos, correlacionando esta taxa com parâmetros ambientais e com as perturbações do turismo náutico.
Fonte: EPTV
Nota de Redação: Nesses louváveis projetos de preservação da fauna, deveria vir acompanhada uma consciência de conservação generosa, que compreendesse todas as espécies como seres a serem respeitados na natureza. Muitas vezes, o que observamos é a proteção dirigida a alguns e a exploração a outros – como é o caso de algumas organizações que atuam a favor da caça enquanto lutam pela preservação de certas espécies, ou outras que consomem carne, mas ao mesmo tempo defendem determinados animais dos interesses nocivos humanos. Falta ainda a coerência para que tenhamos um discurso íntegro e limpo de falsas intenções.