Uma equipe de pesquisadores liderada pela Universidade do Algarve quer oferecer mais de 800 tartarugas de pelúcia a crianças da Ilha do Príncipe, São Tomé e Príncipe, numa campanha de solidariedade que visa salvar o animal da extinção.
Em comunicado, a Universidade do Algarve diz que a campanha “Carinho e uma tartaruga de pelúcia para cada criança da Ilha do Príncipe” surgiu para assegurar um Natal mais feliz a centenas de crianças, mas também para sensibilizar a população para os perigos que corre a tartaruga-sada.
A equipe, liderada por Nuno Loureiro, está desenvolvendo em São Tomé e Príncipe um projeto de pesquisa e conservação da espécie, antes abundante na costa africana, mas cuja reprodução se concentra agora na Ilha do Príncipe.
Assim, ao oferecer uma tartaruga de pelúcia a cada uma das cerca de 850 crianças que habitam aquela ilha com idades entre os dois e os cinco anos, a equipe espera contribuir para salvar da extinção a tartaruga-sada.
A distribuição das pelúcias às crianças vai ser feita no Dia de Reis, 6 de janeiro, primeiro na cidade de Santo Antônio, estendendo-se depois ao resto da ilha, que a equipe de pesquisa vai percorrer, de comunidade em comunidade.
Atualmente existem na natureza, em toda a costa ocidental de África, apenas cerca de 40 e 50 fêmeas reprodutoras de tartarugas-de-escamas-levantadas ou tartarugas-sada, como são apelidadas pelos habitantes da Ilha do Príncipe.
Segundo diz o coordenador do Programa SADA, Nuno Loureiro, em comunicado, esse número significa que há o risco de se estar “já muito próximo do limite que permite assegurar a viabilidade ecológica desta espécie”.
“Os famosos óculos de aros de tartaruga e vários acessórios como colares, anéis, pequenas caixas ou até terços eram feitos a partir da carapaça desta espécie, que já foi abundante na costa africana mas hoje está em risco crítico de extinção”, sublinha o pesquisador.
A Ilha do Príncipe é provavelmente o último local em toda a costa ocidental africana onde a tartaruga-sada continua a reproduzir-se, uma vez que a espécie é muito territorial – voltam sempre ao local onde nasceram para pôr os ovos.
“Como o único predador que a tartaruga-sada enfrenta na fase adulta são as populações locais, que a caçam para comer e usam a carapaça para produzir objetos de artesanato e acessórios, a sensibilização destas pessoas para a necessidade de preservar a espécie assume contornos importantíssimos”, alerta Nuno Loureiro.
O pesquisador salienta ainda que, para a iniciativa realmente acontecer, é crucial o empenho da sociedade civil portuguesa, que poderá contribuir com donativos para a causa.
“Um donativo de cinco euros é suficiente para que uma tartaruga de pelúcia chegue às mãos de uma criança da Ilha do Príncipe e para que se concretize esta iniciativa de sensibilização ambiental”, conclui.
Fonte: ionline