A criação de gatos para atender modismos estéticos, como os “bully cats”, uma nova tendência preocupante de gatos que se assemelham a cães da raça American Bully XL, é um exemplo flagrante da exploração e objetificação animal. Essa prática não só desrespeita a natureza dos animais, como também os submete a problemas de saúde graves, fruto da manipulação genética.
Os “bully cats” são o resultado de cruzamentos intencionais entre raças como o Sphynx, que carece de pelos, e o Munchkin, conhecido por suas pernas curtas. Esses gatos são criados para uma estética que imita cães de porte robusto, mas, por trás da aparência “curiosa”, esconde-se um conjunto de características que comprometem seu bem-estar. Tal reprodução seletiva, motivada por razões puramente estéticas, está longe de ser ética, ignorando as necessidades e a dignidade dos animais.
Especialistas alertam para as graves consequências dessa manipulação. A ausência de pelos, além de expor os gatos a queimaduras solares e risco de câncer de pele, prejudica sua regulação térmica e aumenta a vulnerabilidade a infecções respiratórias. A falta de bigodes – fundamentais para a comunicação e locomoção dos felinos – agrava ainda mais sua capacidade de interagir com o ambiente. Já as pernas curtas limitam a mobilidade natural dos gatos, dificultando atividades essenciais, como pular, e os expondo a problemas articulares dolorosos.
Essas características extremas, que resultam de uma seleção orientada pela curiosidade ou pela busca por um símbolo de status, são completamente incompatíveis com o comportamento natural dos gatos. A exploração da genética desses animais para atender ao mercado de “novidades” desumaniza os felinos e reduz suas vidas a produtos estéticos, ignorando sua senciência e necessidades básicas.
Além disso, esses cruzamentos experimentais não levam em consideração a saúde a longo prazo dos animais. Dados indicam que gatos da raça Sphynx, uma das bases dos “bully cats”, têm uma expectativa de vida significativamente reduzida – apenas 6,7 anos em comparação com a média de 12 anos de outras raças. Os “bully cats”, ao combinarem genes de duas raças já predispostas a problemas, enfrentam desafios de saúde ainda mais graves.
A objetificação desses animais como símbolos de status ignora completamente a seleção natural. Na natureza, características que prejudicam a sobrevivência e reprodução são eliminadas. No entanto, os humanos, ao interferirem e escolherem quem deve se reproduzir com base em critérios estéticos, perpetuam traços que seriam desvantajosos na vida selvagem.
Precisamos questionar essa indústria que trata os animais como objetos de design, priorizando a estética em detrimento do bem-estar. Animais não são objetos para atender modismos; são seres sencientes que merecem respeito e uma vida digna.
Permitir que os gatos sejam gatos – livres para expressar seu comportamento natural, sem as limitações impostas pela intervenção humana – é um passo essencial em direção à abolição da exploração animal.