Segundo os moradores de cidade, os antigos tutores do Lelo tinham uma loja para produtos de noivas ao lado da Biblioteca Municipal Professora Iracema Elias. Em meados de 2018, os cuidadores se mudaram para outra cidade e deixaram o gatinho na vizinhança, alegando que ele não iria se adaptar ao novo lar.

Desde então, ele ficou aos cuidados de Gisele Cunha e as funcionárias de uma farmácia localizada perto da loja de noivas.

“Eu comecei a cuidar do gato nos fundos do meu serviço. Eu ia no horário de almoço, de manhã, de noite. Só que ele ficava muito sozinho. Ele era muito carinhoso e estava acostumado com gente, então ele começou a ir para a biblioteca, que é no fundo e tinha mais movimentação”, contou Gisele, estudante.

Com as idas frequentes do Lelo até a biblioteca, os funcionários do departamento público começaram a cuidar e dar água e comida. Desde então, outubro de 2018, ele não saiu mais do local.

Acontece que em maio deste ano, os responsáveis pelo departamento de cultura de Guaxupé fizeram uma reunião com os funcionários da biblioteca e um dos assuntos era justamente a situação do Lelo.

“Disse que um cidadão reclamou da presença do Lelo com o Secretário de Cultura. É de nosso conhecimento que esse cidadão não gosta de gatos. E da minha parte, nunca vi o Lelo fazendo qualquer coisa contra ele. Dito isto, eles pediram pra não deixarmos mais o Lelo entrar na biblioteca”, contou o bibliotecário, Rodrigo Ferreira Simões de Souza, auxiliar de biblioteca.

Diante deste pedido, os funcionários restringiram o acesso do gato até a biblioteca. Rodrigo contou que impediram o felino de subir em mesas e cadeiras e estavam sempre atentos.

Ainda de acordo com ele, esta foi a primeira vez que reclamaram do gato desde que ele passou a viver no local. Lelo é castrado, vermifugado e está com as vacinas em dia.

Cerca de um mês e meio depois, outra denúncia. Desta vez a prefeitura deu duas opções para os funcionários: adoção ou ser recolhido pela Vigilância Sanitária.

O auxiliar de biblioteca contou que levou o gatinho para sua casa. Ele foi deixado no quintal, uma vez que Rodrigo já possuía três outros gatos.

“O Lelo se assustou com a mudança abrupta de ambiente, com a presença dos gatos e com o cheiro de outros gatos da vizinhança, que também frequentam o meu quintal. Ele fugiu e ficou sumido três dias”, contou Rodrigo.

Depois alguns dias procurando pelo felino, Rodrigo encontrou o animal escondido na casa de uma vizinha. Após conseguir pegar o gato, ele foi entregue para Gisele, que o levou para a casa dela.

Agora, Lelo está vivendo temporariamente na casa da estudante.

“Eu levei ele para a minha casa e deixei ele fechado no meu quarto. Eu já tenho outros animais e ele é difícil de adaptação, ainda mais por ele ser um gato idoso. Eu estou dando lar temporário pra ele. Estou tentando que ele fique seguro aqui, não quero ele fuja porque eu não quero que ele morra”, enfatizou Gisele.

Foi diante da decisão da prefeitura que a jovem Isabelle Simões decidiu expor o caso nas redes sociais. Ela é frequentadora da biblioteca e contou que estava acostumada a ver o gatinho no local.

“Eu fiquei sensibilizada pelo caso porque amo gatos, portanto foi uma decisão minha publicar nas redes sociais. Tenho 3 gatos resgatados e apoio a causa animal”, disse a jovem.

Após a divulgação, o caso repercutiu. Para ela, a prefeitura afirmou que o gato teria sido adotado. Entretanto, Gisele afirma que o animal está apenas em lar temporário.

“Eu vou deixar aqui enquanto não resolver isso. Se a prefeitura permitir que ele volte para a biblioteca, eu vou levar ele pra lá”.

“Foi uma atitude equivocada. Não procurou saber há quanto tempo o Lelo vivia aqui. Não perguntou se ele era castrado, vacinado, vermifugado. Não levou em conta como uma mudança repentina como esta afetaria o animal. E ainda ameaçou tomar uma medida que seria ainda pior. Guaxupé não tem um gatil municipal pra onde a Vigilância Sanitária poderia levar o Lelo. E o pior, tomaram uma decisão como esta com base em uma reclamação em 4 anos”.

O g1 entrou em contato com a Prefeitura de Guaxupé e, até o momento desta publicação, não obteve retorno.