EnglishEspañolPortuguês

ÁREA DE PRESERVAÇÃO

Prefeitura de SP envia à Câmara projeto de lei que propõe derrubada de 10 mil árvores para ampliar aterro sanitário

A TV Globo pediu explicações sobre o projeto para a gestão Nunes, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.

26 de novembro de 2024
Redação g1
4 min. de leitura
A-
A+
Área de preservação que será afetada — Foto: Reprodução/ TV Globo

A Prefeitura de São Paulo enviou à Câmara Municipal um projeto que prevê a transformação de uma área de preservação ambiental na Zona Leste em aterro sanitário. Para isso, teriam de ser cortadas 10 mil árvores. O local, no entanto, abriga árvores nativas da Mata Atlântica.

O texto propõe uma mudança no Plano Diretor, permitindo a ampliação do aterro de tratamento de resíduos Leste, em São Mateus, próximo ao local.

O projeto já foi aprovado em primeira votação e passou por uma audiência pública. A previsão é que ele passe por uma segunda audiência e seja votado na hoje (26/11).

A oposição e urbanistas afirmam que não foram apresentados detalhes do projeto para debate. Eles argumentam que o terreno possui córregos e a nascente do Rio Aricanduva.

Apesar de o projeto de lei ainda não ter sido aprovado, a Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente já concedeu a licença ambiental para a derrubada das árvores.

O documento diz que:

  • 10 mil árvores terão que ser derrubadas;
  • Entre elas, 981 espécies nativas da Mata Atlântica.

Como compensação, serão plantadas 10.147 mudas com altura mínima de 1,3 metro.

Para o urbanista Kazuo Nakano, integrante do Conselho Municipal de Política Urbana, o projeto não passou pelos conselhos necessários para ser aprovado.

“O processo está sendo enfiado goela abaixo, e as instâncias institucionais estão sendo completamente escanteadas e ignoradas neste processo. O mais importante é fazer essa discussão com as comunidades que estão vivendo em volta da área”, afirma.

TV Globo pediu explicações sobre o projeto para a gestão Nunes, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.

Nota da Redação: a decisão da Prefeitura de São Paulo é preocupante e revela uma falta de compromisso com a sustentabilidade e a participação democrática. A derrubada de 10 mil árvores, incluindo espécies nativas da Mata Atlântica, em uma região que abriga córregos e a nascente do Rio Aricanduva, representa um retrocesso na proteção ambiental, especialmente em um momento em que os desafios climáticos demandam ações responsáveis. A aprovação do projeto sem uma análise transparente, sem debate adequado nos conselhos necessários e com a exclusão das comunidades locais no processo de decisão expõe falhas graves na gestão pública e na governança ambiental. A compensação proposta, com o plantio de mudas, não é suficiente para mitigar os impactos ecológicos e hídricos dessa intervenção. É essencial que o projeto seja reavaliado e que alternativas sustentáveis sejam consideradas para a gestão de resíduos na cidade.

    Você viu?

    Ir para o topo