Um sentimento de revolta, tristeza, comoção e compartilhamento ganhou a rede social Facebook, ontem, após ação de retirada de 122 cães, a princípio de forma ríspida, das ruas da maior cidade turística de Goiás. O caso ocorreu, no último final de semana, em Caldas Novas, em uma ação promovida pela prefeitura municipal, por meio do Departamento de Vigilância Sanitária do local, com parceria do Centro de Zoonoses de Goiânia.
A psicóloga e protetora dos animais Roberta Leite, internauta responsável pela indignação na rede, contou, que acredita no intuito de limpeza urbanística por causa das proximidades das férias. “A Lei que regulamenta o controle de cães e gatos é clara: só se podem pegar animais doentes, sadios não.
Além disso, até a forma de capturar e condução dos animais foram erradas. A verdade é que prefeitura resolveu limpar na cidade”, declara.
De acordo com Roberta, partes dos animais capturados foram transportados e amarrados com cordas em carrocerias de veículos irregulares, como Pick Up. “Outros levados pela famosa carrocinha. Houve ainda casos de cães comunitários que foram ultrajados de suas comunidades sem permissão dos responsáveis”, afirma. Contudo, segundo a defensora, faltou também à presença de um médico veterinário para realização da captura.
Conforme a Lei 17767/12, em seu artigo quarto: “O recolhimento de animais observará procedimentos protetivos de manejo, de transporte e de averiguação da existência de tutor, responsável ou de cuidador em sua comunidade”. Ainda segue o referido artigo, caput segundo: “Para efeitos desta Lei considera-se “cão comunitário” aquele que estabelece com a comunidade em que vive laços de dependência e de manutenção, embora não possua responsável único e definido”.
O grupo defensor dos animais Petit Cupkae de Goiânia, disseram que vão levar o caso a público mundialmente. “Não entendemos como o maior centro de águas quentes virou maior centro de maus-tratos aos animais”, indigna. Para Ativistas da Associação Brasileira pela Redução Populacional e Contra o Abandono de Animais (Arpa), a medida da prefeitura de Caldas Novas vai contra os direitos dos animais estabelecidos, em Goiás.
A protetora dos animais Roberta disse que o mais curioso é saber que a prefeitura da Capital cedeu funcionários e veículos para ajudar nos trabalhos de captura dos cães. “A maior carrocinha é de Goiânia, não entendi porque estava neste meio e desconfio desta ajuda, já que se trata de outro município. Será que toda essa ação conjunta foi licita”, questiona. Pelo Facebook, outras entidades de defesa também questionam e reprovam a participação da prefeitura da Capital.
Reposta da ação
A Prefeitura de Caldas Novas, por meio do Departamento de Vigilância Sanitária, informa que procedeu, em parceria com a Associação Protetora dos Animais de Caldas Novas (Aspacan), a retirada das vias públicas 122 cães, nos últimos dias (7) e (8) de dezembro.
De acordo com o diretor da Vigilância Sanitária do município, Murilo Nóbrega, o objetivo da ação é evitar a contaminação de doenças endêmicas, como o caso de Leishmaniose. Em 2010, Caldas Novas foi declarada zona endêmica da doença. A epidemia se propaga com maior facilidade no período chuvoso, portanto, a ação foi desencadeada no início de dezembro.
De acordo com a direção da vigilância, os animais não sofreram maus-tratos e foram separados por características de raça e estados clínico em três baias no Canil Municipal, localizado na Rua A21, Quadra 20, Lote 16, no Setor Aeroporto, em Caldas Novas. Os animais serão submetidos a testes e verificações de doenças. Todos os cães já podem ser resgatados pelos tutores.
Os animais não reclamados até o final da tarde da próxima quarta-feira (11) serão encaminhados à Aspacan para o “Dia de Adoção”. Nóbrega informa ainda que, para proceder com o recolhimento dos animais nos padrões de segurança, foi firmado parceria entre o Centro de Zoonoses de Goiânia, que cedeu veículo e profissionais para a coleta dos cães em vias públicas.
A nota da prefeitura conclui que a Aspacan e a Câmara Municipal de Caldas acompanham o procedimento para garantir que os animais não sofram maus tratos e que não transmitam doenças à população.
Fonte: Diário da Manhã