EnglishEspañolPortuguês

Preconceito contra animais deficientes atrapalha adoção, diz ONG

6 de fevereiro de 2012
3 min. de leitura
A-
A+
(Foto: Reprodução/ EPTV)

Bichos deficientes tem maior dificuldade em ser adotados, segundo a União Protetora dos Animais (UPA) de Campinas, especializada em resgatar animais enfermos, idosos e vítimas de maus-tratos. Aproximadamente 60% dos bichos que a ONG resgata possuem alguma deficiência e, desses, apenas 10% encontram novos tutores. Ou seja, metade dos cães e gatos recolhidos fica sem um abrigo certo.

A UPA não possui estrutura para acomodar os animais resgatados, depende de voluntários, os chamados protetores, para abrigá-los temporariamente. É o caso do cachorro Titã, que nasceu com apenas três patas e foi abandonado pela mãe. Apesar de perfeitamente saudável, devidamente vacinado e vermifugado, Titã ainda não encontrou um novo lar.

Mesmo para os que são adotados, a espera é maior. Dos quatro filhotes que nasceram, só Titã continua sem tutor. Os três irmãos foram levados no mesmo dia em que foram recolhidos. Titã espera alguém se interessar por ele há mais de 20 dias. É o mesmo caso de Branquinho, um cachorrinho cadeirante que foi atropelado e resgatado, mas perdeu o uso das patas traseiras. Branquinho passou tanto tempo sem tutor que acabou virando o querido da instituição.

Animais são abandonados todos os dias e, com a falta de castração, a população de animais de rua só faz aumentar, explica Ricardo Conde, veterinário do Controle de Zoonoses (CCZ) de Campinas. De acordo com Conde, cerca de 70 animais de pequeno porte, como cães e gatos, são recolhidos pelo centro todo mês. Isso porque o CCZ trabalha exclusivamente com animais que representam riscos epidemiológicos, ou seja, passíveis de transmitir alguma doença. Os outros bichos são responsabilidade das organizações voluntárias e é impossível estimar quantos animais deficientes estejam abandonados nas ruas da cidade.

Afinal, qual é a diferença?

Segundo Margarete Navi dos Santos, veterinária, os cuidados básicos para um animal com deficiência ou saudável são os mesmos. De acordo com ela, as pessoas muitas vezes hesitam, pois acham que o bicho vai dar mais trabalho, ou ter um custo maior. “É mais uma questão de adaptação, por parte do tutor e por parte do animal. Um cachorro paraplégico, por exemplo, vai dar gastos uma vez só, na hora de comprar um carrinho”, explica.

Algumas deficiências exigem tratamentos específicos, como fisioterapia, ou o uso de fraldas. São gastos adicionais, mas, segundo a assessoria da UPA, não justificam o preconceito. “A nossa sociedade busca e exige a perfeição a qualquer custo. Mas, para quem possui um animal especial, a experiência se torna extremamente gratificante”, diz Tahiana Carnielli.

(Foto: Reprodução/ EPTV)

Exemplo

O analista de sistemas Yuri Mendes Mariano, 22 anos, não vê diferença entre Sofia, a boxer albina e surda que resgatou, e um cachorro “normal”. Mariano encontrou a cachorra magra e assustada no Jardim Santa Eudóxia, em Campinas. “Ela estava parada no meio da rua, quase foi atropelada por um ônibus. Depois nós descobrimos que era porque ela não conseguia ouvir ele se aproximando. Ela não parecia ter sido maltratada, mas acho que alguém abandonou, estava magra e abatida”, recorda.

Mariano diz ainda que nunca reconsiderou a adoção depois que descobriu a deficiência de Sofia. “Ela é um cachorro normal, só não atende pelo nome. Mas agora ela está tão saudável que até parece um leitão gordo”, brinca, rindo, “Ela corre, brinca… Não vejo a diferença”.

Como ajudar

A ONG União Protetora dos Animais não possui abrigo próprio e todos os animais ficam nas casas das protetoras até conseguirem um lar. Os custos de moradia e do atendimento veterinário são pagos pelas doações dos associados e também pelos próprios protetores.

Para fazer doações, ou se candidatar para trabalho voluntário, acesse o site da União Protetora. Interessados em adotar Titã podem ligar para (19) 3295-1772 ou enviar um email para [email protected].

Fonte: EPTV

Você viu?

Ir para o topo