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SÃO PAULO

Preconceito com animais vítimas de maus-tratos dificulta a adoção em Centro de Zoonoses

Muitas feiras de adoções são feitas pelo CCZ. Porém, o resultado nem sempre é positivo.

1 de março de 2022
Thayanne Magalhães l Redação ANDA
4 min. de leitura
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Brancão esperou ao longo de sete meses no CCZ até ser adotado (Foto: Aline Costa/G1)

O preconceito tem sido um fator decisivo na hora de adotar um animal abandonado no Centro de Zoonoses (CCZ) de Presidente Prudente (SP). O órgão ressalta que a cor, a raça indefinida, a idade, a aparência ou até alguma deficiência não impedem que cães e gatos espalhem alegria e amor por onde passam.

Muitas feiras de adoções são feitas pelo CCZ. Porém, o resultado nem sempre é positivo.

O cachorrinho batizado carinhosamente de Brancão vive no local há sete meses. Ele, que não é mais um filhote, foi deixado lá depois de ser vítima de maus-tratos e, embora a alegria dele seja contagiante, ainda aguarda um novo lar.

“Ele é saudável, é um adulto meio filhote e muito brincalhão, mas não se enquadra no que as pessoas procuram, infelizmente. Pela aparência, por ser muito ativo, o preconceito tem falado mais alto e impedido que ele receba sua chance. Não existe padrão de beleza”, falou Ricardo Barbosa, gerente do CCZ, ao G1.

Brancão é um cachorro amoroso, gosta de brincadeiras e não pode ver pernas que quer pular. Apesar do preconceito que o cerca, não deixa de encantar aqueles que têm contato diário com ele.

“Ele chegou com duas irmãs, que já foram adotadas. Por ele ficar preso muito tempo, as pessoas que nos visitam em busca de adotar um animal pensam que ele vai fazer muita bagunça, por conta do jeito agitado que ele fica. Mas não é isso, ele só está extravasando um pouco, não tem muito contato com humanos e, quando tem, fica muito feliz”, explicou Barbosa.

Brancão chegou ao CCZ com as duas irmãs, que foram adotadas antes dele (Foto: Luana Araújo/CCZ)

O gerente do CCZ acredita que o preconceito com os animais precisa acabar.

“A última feira que fizemos mostrou ainda mais como o preconceito existe nas pessoas. Foi muito difícil, ouvimos coisas terríveis. Assim como o Brancão, todos que estão hoje no CCZ merecem receber todo amor e carinho do mundo. Aqui eles são bem cuidados, tratados com paciência, mas nada se compara a ter uma família de verdade. Faz sete meses que ele está com a gente, indo e voltando de feiras de adoção, é uma pena, pois tenho certeza de que ele daria muita alegria para aquele que lhe desse a chance que ele tanto espera”, lamentou.

O mesmo acontece com outros animais também, inclusive com os gatos, principalmente se forem pretos e machos. A superstição de que gatos pretos dão azar é um fator que implica muito no momento da adoção.

Vídeos de gatinhos podem conquistar muita gente na internet, mas fora das redes eles não possuem tantos fãs assim. Isso porque o preconceito também envolve a reputação dos gatinhos e isso atrapalha na hora de conseguirem um lar. Até a idade avançada dos gatos é vista como uma característica não tão boa.

“As pessoas que procuram pelos gatos só querem os filhotes. Aqueles que estão um pouco mais crescidinhos já não interessam mais. Os adultos, então, sem chances. A situação fica ainda pior se for um macho ou ser for da cor preta. É muito preconceito envolvido em algo que deveria ser uma atitude de amor”, ressaltou Barbosa.

O gerente do CCZ contou ainda que que na última feira de adoções realizada em Presidente Prudente a equipe recebeu muitas críticas e até que os animais eram feios as pessoas disseram.

Quem confirma isso é a agente do CCZ, Luana Araújo. Ela, que demonstra muito amor e cuidado com animais, disse que se sentiu muito mal diante da situação que enfrentaram.

“Imagine para nós, que estamos todos os dias com eles, escutar coisas como essa. Antes de chegarem à feira, eles tomam banho, limpam as orelhas, nós conferimos tudo para que eles possam ter um momento de esperança. É muito triste. Estamos todos abalados por uma pandemia, mas nada justifica. Só que nós não vamos desistir, pois sabemos que tem quem realmente ama esses animais e se importa com eles”, falou.

Gatos com a idade avançada também são vítimas de preconceito — Foto: Aline Costa/g1)

Uma nova feira de adoção dever ser realizada no início de março, conforme o gerente do CZZ. O departamento vai levar os animais no Calçadão da Rua Tenente Nicolau Maffei, no Centro de Presidente Prudente, onde estarão aguardando por suas novas famílias.

“É mais uma chance para as pessoas abrirem seus corações e levarem para casa aqueles que não têm maldade nenhuma, só sabem nos dar amor. Quem sabe o tão sonhado lar chegue para tantos outros”, disse Barbosa.

Serviço

O Centro de Controle de Zoonoses funciona na Rua Presidente Castelo Branco, nº 93, no bairro Parque Castelo Branco, em Presidente Prudente. Os telefones de contato são (18) 3905-4220 e (18)3905-2156. O atendimento é de segunda-feira a sexta-feira, das 7h às 12h e das 14h às 17h. Para adoção e coleta de sangue dos animais, o atendimento é das 7h30 às 12h e das 14h às 16h30.

 

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