Os animais são expostos a brutalidades como cortar os tendões das pernas de vacas para impedir que se movam antes de serem mortas ou esfaquear repetidamente o pescoço dos animais
O comércio global de animais praticamente quadruplicou nos últimos 50 anos, no entanto, a demanda quatro vezes maior, evidencia também as irregularidades com os animais, que são frequentemente expostos a riscos nas viagens de translado ou quando chegam aos seus destinos.
Anualmente, cerca de 2 bilhões de animais são transportados em caminhões ou navios e enviados para novos países, e 5 milhões são transportados diariamente. Essas viagens podem durar semanas.
É evidente também que com o crescimento do comércio, os lucros acompanhem tal processo. De acordo com o site The Guardian, em 1988, o comércio global de todos os animais vivos valia US $ 716 milhões; já em 2017, o número subiu para US$ 21 bilhões, de acordo com dados da Comtrade (repositório de estatísticas oficiais do comércio internacional e tabelas analíticas relevantes), enaltecendo que os números não incluem a inflação, mas que o aumento superou a inflação durante esse período.
Um dos aumentos mais significativos foi no Oriente Médio. Em 2016, somente a Arábia Saudita importou quase US$ 1 bilhão em animais vivos. Já na Ásia, a dependência de Hong Kong na importação de animais da China preocupa bastante com relação ao quanto o continente será dependente de carne nos próximos anos.
Enquanto alguns países dependem da exportação de carne, outros dependem da venda de seus animais, como por exemplo, a Romênia, que exporta mais de 2 milhões de ovelhas por ano. Países como Austrália, Dinamarca e Espanha também possuem grandes indústrias de exportação.
No entanto, o comércio assíduo de carne, leva a preocupações como a falta de supervisão de animais em trânsito e quando chegam aos seus destinos. A questão mais preocupante, além do transporte de animais inadequado, é a morte brutal nos matadouros e a propagação de doenças.
Ativistas e funcionários destacam que os grandes problemas se encontram principalmente nos portos e fronteiras, uma vez que os animais são mantidos em veículos quentes, antes de serem transportados aos navios e muitas vezes esses translados não são acompanhados de veterinários.
Além disso, os animais são expostos a práticas abusivas, como cortar os tendões das pernas de vacas para impedir que se movam antes de serem mortas, ou esfaquear repetidamente seus pescoços, como acontece em vários matadouros no Egito, Líbano e Arábia Saudita.
Segundo investigações do site The Guardian, os navios licenciados para transportar animais geralmente são velhos. Em novembro de 2019, um navio naufragou na Romênia e mais de 14 mil ovelhas se afogaram.
Os maiores problemas identificados são nos EUA, Reino Unido e França, no entanto, o site afirma que, segundo os especialistas, na Europa a tendência é semelhante.
É válido ressaltar que a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) é a agência responsável por estabelecer padrões de saúde pública e animal e tem um papel na criação de regras para o bem-estar animal, mas não é responsável por garantir que essas regras sejam respeitadas ou punir quem desrespeita, sendo essas responsabilidades destinadas aos governos de cada país.
O Dr. Matthew Stone, vice-diretor geral da Organização Mundial de Saúde Animal, declarou ao The Guardian: “Nossos padrões e estratégias para o bem-estar animal é a implementação de acordos bilaterais para o comércio de animais vivos que tratam de acordos de contingência durante o transporte, como falhas mecânicas ou eventos climáticos adversos e, principalmente, no contexto do comércio internacional, contingências por surtos de doenças ou eventos de saúde”.
Após muitas críticas, os governos da Nova Zelândia e da Austrália tomaram medidas para restringir as exportações de animais vivos, monitorando melhor o tráfego. No entanto, em outros países, a revisão permanece irregular.
Já no Reino Unido, Peter Stevenson, conselheiro político do grupo Compassion in World Farming (Compaixão na Agricultura Familiar), disse: “Existem leis internacionais sobre bem-estar animal em matadouros estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde Animal, e não devemos enviar animais para lugares onde sabemos que estão sendo violadas”, afirmou.
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