Por Kelly Marciano e Vinicius Siqueira (da Redação)
“Shark Finning” é a prática de remover as barbatanas de um tubarão enquanto eles estão totalmente conscientes e então retornar o tubarão, morto ou morrendo, de volta ao mar. As barbatanas são retiradas para fazer uma iguaria chinesa, sopa de barbatanas de tubarão e os lucros de tal atrocidade são altos – meio quilo de barbatana seca pode ser vendido por cerca de 300 dólares ou mais, relata a Shark Water. As informações são do One Green Planet.
O New Zealand Herald relata esta semana, “O Dr. Smith e o Ministro das Indústrias Primárias, Nathan Guy estiveram na costa para anunciar detalhes do Plano Nacional de Ação pela Conservação e Gerenciamento dos Tubarões. A proibição da remoção de barbatanas de tubarões fez parte desta proposta e foi bem vinda pelos grupos de conservação. É lícito capturar um tubarão, remover as barbatanas e jogar a carcaça no mar. O Dr. Smith disse que era o tipo de ação que seria contemplado na proposta, que está aberta à consulta pública até dezembro”.
O Porta-Voz dos Trabalhadores de Pescados, Damien O’Connor, relatou que “na Nova Zelândia, grupos de conservação estimam que 24 mil toneladas de tubarões são apanhados em nossas águas”. Talvez a solução passe por proibir totalmente todo o tipo de pesca e, desta forma, evitar a matança de peixes de qualquer espécie.
A Nova Zelândia se juntará a mais de 100 outros países (como toda a União Europeia) que baniram esta prática sem sentido e cruel, relata Katrina Subedar, porta-voz da NZSA e advogada da Conservação de Pássaros Marinhos e de Florestas. A proibição poderá diminuir o número de tubarões pescados e salvar milhares de vida, mas ainda não elimina a possibilidade de caçá-los, ainda não acaba com os assassinatos de tubarões completamente. Apesar de ser uma pequena vitória, é necessário entender suas limitações e saber para qual sentido a luta pelos direitos animais deve continuar.
Em outros lugares do mundo
Na Europa, o “Shark Finning” foi proibido em 2012 e foi comparada com a caça aos elefantes e rinoceronte em busca de marfim. Segundo o Business Week, os tubarões são extremamente vulneráveis à caça, pois demoram para chegar à idade adulta e quando se reproduzem, dão a luz à poucos filhotes.
Aproximadamente 73 milhões de tubarões morrem a cada ano, ou pelos ferimentos provocados pela prática, ou por terem se tornado presas fáceis, para satisfazer a demanda de barbatanas utilizadas em sopas. Esta chacina não só ameaça a existência dos tubarões, mas desequilibra toda a vida marinha.
Na China, o consumo de sopa de tubarão tem diminuído gradativamente nos últimos dois anos, o que mostra o crescimento da consciência em relação à defesa animal.
Muitos fatores estão colaborando com a mudança dos hábitos na China. Um deles é a campanha nacional de conscientização sobre a crueldade existente por trás da sopa. O popular astro chinês do basquetebol, Yao Ming, é o representante desta campanha educativa. Ele aparece em um comercial em que clientes bem vestidos e sentados à mesa de restaurantes empurram para longe as tigelas cheias de sopa de barbatanas, depois de ver o sangrento e violento percurso da barbatana desde sua origem em um saudável e majestoso tubarão até sua chegada à mesa de jantar.
Um outro fator está relacionado à ação do governo chinês, que baniu a sopa de suas cerimônias, pois seu consumo por parte das autoridades públicas poderia sugerir corrupção. Organizações com interesses “especiais” serviam a sopa aos funcionários públicos em banquetes dispendiosos para atraí-los, e os próprios servidores do governo compravam a sopa, eles mesmos, provavelmente à custa do dinheiro público. A nova proibição fez com que a sopa de barbatana de tubarão desaparecesse de alguns cardápios “sofisticados”.
O valor das sopas de barbatanas chegava à mais de 700 reais, o que representava “poder” para seus consumidores. Entretanto, pelo alto valor, havia a desconfiança de que as sopas eram compradas, por parte dos servidores do governo, com dinheiro público. Então o governo chinês, a campanha nacional contra o consumo da sopa e, também, o crescimento galopante do ativismo animal. Vale dizer que na China há mais vegetarianos que nos Estados Unidos, por exemplo, com 50 milhões de adeptos ao estilo de vida.